A sociedade confunde muito o significado da palavra menopausa com a palavra velhice. Por essa razão, muitas mulheres não conseguem passar por essa fase natural da vida, sem que fatores psicológicos causem certos distúrbios. A menopausa é a parada definitiva da menstrução e vem, normalmente acompanhada de sintomas fisicos que causam desconforto na mulher. Porém, esta fase pode ser enfrentada sem problemas se a pessoa se preparar bem para vivê-la. É nescessário também a orientação médica para contornar, através de tratamento adequado, os problemas de saúde que surgem após a menopausa.
A Dra. Ilva Reis Ferreira, médica. ginecologista, afirma que só após um ano sem o fluxo menstrual é possível garantir que a mulher está realmente na menopausa. Segundo ela, muitas vezes o fluxo é interrompido por alguns meses e depois volta a aparecer. Esta é a pré-menopausa, quando a produção dos hormônios começa a baixar. Surgem então os sintomas que são, além da irregularidade da menstruação, os de ordem neurovasculares, como as ondas de calor e frio, que causam muito desconforto a mulher. "Muitas vezes o fluxo é interrompido por dois ou três meses, mas depois aparece em grande quantidade. Isto porque o organismo está só sobre efeito do hormônio estrogênio que faz com que o endométrio, que é a parte interna do útero, prolifere e quando ela menstrua, o fluxo é muito abundante", acrescenta a médica.
As alterações psíquicas são bastante sentidas no processo da menopausa. Segundo a Dra. Ilva, isto acontece devido a postura da sociedade, que encara a mulher corno uma velha improdutiva. "Esta fase coincide com a época em que os filhos estão saindo de casa e não dependem mais da mãe. A mulher vai se tomando só e surge a sensação de que não é mais útil como antes. A idéia de que está ficando velha dá a mulher um estado de depressão, que se une aos sintomas de mal estar causado pela menopausa". A médica explica que o estado de ligeira perturbação psicológica é causado também pelas transformações hormonais, que são mais ou menos acentuados, dependendo do preparo que a mulher tenha para enfrentar esta fase da vida.
Dra. Ilva esclarece que os problemas físicos da menopausa se manifestam a longo prazo. "A medida que baixa os estrogênios, a pessoa vai ficando com menos proteção para determinadas doenças. Por exemplo, o problema da osteoporose, que é a falta de fixação do cálcio nos ossos, começa a se manifestar nesta fase", alerta a especialista. De acordo com ela, aparecem também problemas de ordem urinária, como a cistite e a incontinência urinária e outros. Além disso, estudos revelaram que após a menopausa, a mulher está tão sujeita a doenças cardiovasculares quanto o homem. Não existe uma idade definida para a chegada da menopausa. Após os 40 anos, os médicos já consideram o início do processo normal. Porém, de acordo com a ginecologista, muitas mulheres só entram neste período após os 50 anos.
"Não existe nenhuma relação entre a data em que a pessoa teve a primeira menstruação coma parada definitiva do ciclo. Muitas vezes, as mulheres que menstruam tarde vão entrar cedo no processo de menopausa devido a uma falência no ovário", explica. Durante muito tempo houve uma certa divergência no meio médico quanto a aplicação ou não de tratamentos a base de hormônios para evitar os problemas causados pela menopausa. Hoje entretanto, há um consenso sobre a necessidade do tratamento. "Um terço da vida da mulher, ela passa depois desta fase. É importante que ela tenha uma vida plena, com qualidade. A menopausa chega, muitas vezes, no período em que ela está mais ativa e produtiva intelectualmente", acrescenta a médica. Dra. Ilva explica que o tratamento se baseia na reposição do hormônio, dando artificialmente a proteção que era dada pelo organismo. Segundo ela, hoje já existe uma forma de se associar os dois hormônios (progesterona e estrogênio), sem que haja uma predisposição para o surgimento de doenças como o câncer.
Além do tratamento, uma outra forma da mulher passar por essa fase de maneira satisfatória é se preparar psicologicamente para o momento. A mulher deve se manter ativa e produtiva, dentro e fora de casa. A compreensão da família também ajuda muito, pois muitas vezes os primeiros bloqueios surgem dentro do próprio lar.
Fonte: Jornal El Shadai, nº4, pág 13, Dezembro 1992.
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