quarta-feira, 16 de dezembro de 1992

Meninas de 6 anos virgens vendidas e violentadas por mil dólares

A máfia chinesa (tailandeses de origem chinesa) sequestra e vende meninas de até seis anos de idade para os bordéis, onde a virgindade de uma criança é negociada por até mil dólares.

Estas meninas não sobrevivem mais do que alguns anos nestes locais, pois além de serem espancadas, são contaminadas por doenças venérias e pelo vírus da AIDS. Os cafetões vão até as aldeias mais pobres da região, com contratos falsos de trabalho, propondo aos pais, melhores condições de vida para suas filhas e um salário mensal enviado para a família. Dão um adiantamento de 100 ou 200 dólares e desaparecem com as crianças, que nunca mais retornam. A Tailândia é famosa no mundo inteiro pelo chamado "turismo sexual". São homens e mulheres de toda parte do mundo que buscam satisfazerem seus desejos doentios com crianças. Eles procuram meninas e meninos cada vez menores para se prevenirem contra a AIDS.

Há alguns anos este tráfico desumano e cruel começou a ser desbancado coma ajuda da socióloga belga Marie France, de 29 anos. Ela deixou o conforto de Luxemburgo, onde nasceu, e se embrenhou nos mais terríveis guetos de Bancoc, capital da Tailândia, para ver de perto o que realmente acontecia naqueles lugares. E ela viu. Durante vários meses, a socióloga se fez de "cliente" e entrou em contato com crianças na faixa de 6 a 14 anos, que são vendidas e usadas como animais. Marie France se uniu a CDDC (Centro de Defesa dos Direitos da Criança) e começou a denunciar e levar a polícia aos prostíbulos, onde milhares de meninas viviam e vivem em condições inacreditáveis "trabalhando" 24 horas por dia e atendendo até 10 clientes diariamente. Muitas delas só deixam os prostíbulos para serem enterradas como indigentes.

Desde que começou o trabalho de tentar salvar algumas das 200 mil crianças escravas sexuais da Tailândia, a socióloga sofreu vários atentados, sendo espancada e ameaçada. O negócio que ela está interferindo movimenta anualmente milhões e milhões de dólares e envolve gente bastante poderosa. A cada ano, o CDDC salva da morte e da degradação cerca de mil crianças, que são devolvidas às aldeias, quando se consegue localizar a sua origem ou ficam nos centros de recuperação e reintegração para menores. A maioria é levada diretamente para os hospitais, quase à morte. Das meninas resgatadas, 85% estão contaminadas pela sífilis, 56% são portadoras do vírus da AIDS e 30% já manifestaram os sintomas da doença, tendo pouco tempo de vida.

O trabalho da socióloga Marie France está sendo reconhecido pelas autoridades e importantes instituições; muitas delas, negaram apoio quando a moça começou a realizar a empreitada. Hoje, apesar do problema estar longe de ser considerado erradicado, um esforço sério está sendo feito em prol desta causa, já movánentando governos e grandes instituições.

Fonte da reportagem: Revista Marie Claire nº 20 ( Editora Globo)

Fonte: Jornal El Shadai, nº4, pág 15, Dezembro 1992.

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