quarta-feira, 16 de dezembro de 1992

A proposta de vanguarda do Seminário Metodista

Fotos: Vitor Campos

Reverendo Cabral:
Diretor da Instituição

Com a proposta de ser uma instituição progressista e de estudo crítico, o Seminário Metodista Cesar Dacorso Filho, existe há cerca de 30 anos, funcionando nas dependências do Instituto Metodista Bennett. O objetivo da instituição era, a princípio, formar obreiros para as igrejas metodistas do Estado. Com o tempo, a própria filosofia ecumênica da denominação, fez com que o seminário abrisse suas portas para outras igrejas evangélicas e até para não evangélicos.

O nome do seminário é uma homenagem ao primeiro bispo brasileiro nomeado no país, que sempre foi um homem dedicado às letras e ao estudo teológico. Antes do estabelecimento da instituição, outras formas de ensino foram experimentadas no Estado até a fundação definitiva do Seminário Metodista na região. Ao todo, segundo o seu diretor, o reverendo José Cabral, o seminário já recebeu cerca de 3.000 alunos, nos diversos cursos e extensões. "Nós não nos consideramos um seminário conservador. Nós temos uma proposta progressista, alinhada coma leitura crítica da Bíblia a partir de uma teologia mais dinâmica", afirma o diretor.

O Seminário funciona nas dependências do Instituto Metodista Bennett

Segundo o reverendo, na diretoria há dois anos, seria ousado dizer que o seminário é progressista, mas a instituição se coloca como uma organização aberta, apesar do Metodismo, de acordo com ele, ter características conservadoras. Para José Cabral, este é o principal ponto que faz com que o seminário seja diferente da grande maioria, e por esta razão, muitas igrejas de outras denominações se identificam com as propostas da instituição.

A organização oferece três cursos: o Básico em Teologia, que tem duração de dois anos e pode ser frequentado por qualquer pessoa, independentemente do grau de instrução; o curso de Licenciatura em Educação Cristã e o de Bacharel em Teologia, que exige o segundo grau completo e recomendação da igreja a qual o candidato pertence. Este último tem duração de cinco anos, entre estudo básico, monografia e estágio. O curso privilegia quatro áreas distintas: a área bíblica (estudo do Velho e do Novo Testamentos); teologia; pastoral e história; além do núcleo de línguas (hebraico, grego e inglês).

O reverendo José Cabral explica que financeiramente, a instituição sobrevive, além das mensalidades dos alunos (cerca de 30 % do salário mínimo), de um percentual enviado pela sede regional metodista. "Os recursos são poucos para o tamanho da obra e muitas vezes é necessário a realização de campanhas nas igrejas a fim de levantar recursos para cumprir os compromissos da instituição", revela ele.

De acordo com o reverendo, as exigências da igreja são grandes, pois o seminário é visto como um centro irradiadorda teologiana região. "Cabe a nós, não só formar os pastores, mas também produzir literatura, acessorar os bispos e pastores, awcillarasescolasdominicais, contribuindo com a igreja metodista do Brasil", acrescenta o diretor. Segundo ele, a proposta é muito grande e os recursos para realizá-la são poucos, o que torna o trabalho difícil.

Mesmo com essas dificuldades, o Seminário Metodista Cesar Dacorso Filho está expandindo o seu campo de atuação através do núcleos de ensino. Já existe hoje, funcionando, o núcleo de Niterói que opera na Igreja Metodista Central, atendendo cerca de 20 estudantes. A partir do próximo mês de março o núcleo de Pilares vai entrar em funcionamento dentro da igreja metodista do bairro. "Nós pretendemos expandiro nosso trabalho desta forma. Já existe a possibilidade de abrirmos núcleos em Teresópolis, Volta Redonda e várias outras cidades", afirma o reverendo. De acordo com ele, este tipo de estratégia visa suprir a carência na área de formação de obreiros, pois em praticamente todas as cidades do Estado do Rio existem igrejas metodistas e apenas o Seminário atende a demanda.

Hoje, o número de alunos matriculados é de 88 divididos nos três cursos. O corpo docente conta este ano com dezoito professores, a maioria possui diploma de mestrado na sua área de atuação.

Fonte: Jornal El Shadai, nº 4, Dezembro de 1992, página 6.

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