quinta-feira, 15 de outubro de 1992

Testemunho

Carlos Fernandes

Pai pela grande misericórdia de DEUS, através de seu filho JESUS, hoje sou uma ex-viciada, ex-ladra e ex-pres idiária. O meu drama teve início aos 16 anos, quando comecei a fazer uso de drogas (maconha e cocaína injetável). Conheci pessoas que me levaram a frequentar o meio artístico.

Vivi 5 anos com um ator e tenho desta convivência um casal de filhos, uma moça de 16 anos e um garoto de 14 anos de idade. Em 1980, após minha separação, voltei a morar com os meus pais, levando junto os meus filhos, porém fui submetida a imposições, tive que abrir mão de um deles. Optei pela menina. Nunca mais vi meu filho, que está na companhia do pai, desde os 3 anos de idade. Lancei-me nas drogas, frequentando morros, fugindo da polícia em meio a tiroteios. Fui condenada a 3 anos de prisão. Convivi com mulheres altamente perigosas, mas, antes do término da pena, fui posta em liberdade por bom comportamento. Porém, já havia me tomado fruto deste sistema penitenciário. Saí de lá, fazendo parte de uma quadrilha de assaltantes de joalherias. Cheguei a ganhar de" presente um revólver, calibre 38, do pessoal que era de nível universitário. Isto me fazia inteligente e importante. Hoje estão todos mortos. A minha participação era fazer o levantamento do interior das lojas. Eu era exatamente usada pelo demônio. Frequentava boates, gastava dinheiro em bobagens e drogas. Em 1982 conheci uma moça que me convidou para ir à igreja que ela frequentava, pois era aniversário do pastor. Fui, mas somente interessada na festa. Lembro-me da pregação do Pastor Edir que dizia "não importa o tamanho do pecado, se você roubou um banco ou uma bala, o pecado é o mesmo perante Deus". Estas palavras atingiram profundamente o meu coração. Ele foi usado pelo ESPIRITO SANTO. Na hora do apelo, em lágrimas, aceitei JESUS como o meu salvador. Foi uma festa. Todas as vezes que o pastor faz aniversário, minha conversão é lembrada com muita alegria. Contudo, na mesma semana da minha conversão, recebi a visita dos integrantes da quadrilha que disseram que não mais me importunariam, se eu fizesse o último assalto com eles.

Sem forças nem bases bíblicas, fui com eles para a Bahia, onde o assalto deu errado. A polícia apareceu e somente eu fui presa. Apesar de ter sido torturada, não revelei os meus comparsas, sendo jogada numa cela vazia e imunda. Naquela situação horrível em meio a lágrimas me conscientizei de que eu não era nada.

Lembrei-me do encontro com JESUS ocorrido dias antes. Foi quando o ESPÍRITO SANTO começou a falar diretamente comigo, ao mesmo tempo que relatava a minha vida através de um "filme" que era passado na parede da cela, mostrando quantas vezes havia me salvo e me dando certeza de que iria me tirar dali. Na minha condição humana, cheguei a duvidar. Pela manhã, porém, vi o milagre acontecer: o telex trazia o "nada consta" no meu nome. Não havia uma única testemunha de acusação. Fui posta em liberdade. Jesus havia aberto as portas da cadeia. Voltei ao Rio de Janeiro e imediatamente procurei o pastor Onaldo que me encaminhou para uma casa de recuperação feminina em Vitória, onde fiquei por seis meses, sendo tratada pelo Espírito Saldo de Deus. Participei de cultos maravilhosos, sendo batizada pelo Espírito Santo. Tive uma cura interior da qual nem médicos e psicólogos conseguiram fazer. Só Jesus. Em seguida passei mais um tempo em Friburgo participando de uma equipe evangelística, trabalhando com viciados.

Regressando ao convívio da família e integrada à igreja, onde sempre fui bem recebida, fiquei sabendo que era portadora do vírus da Aids. Mas creio que pela fé serei curada no tempo certo por Deus. Sei também que tudo isto é resultado dos meus atos inconsequentes, mas creio que o Senhor dará condições pra que eu use essa experiência para pregar, testemunhar e alertar os jovens do perigo do pecado, das más companhias e da necessidade de ficar vigilante para não perder a paz interior que é tão vital para o ser humano.

Na minha opinião, o maior milagre é o da transformação de vidas e cito, como exemplo, a minha.

Tenho plena convicção de meu chamado evangelístico, missionário. Tenho ido a lugares que nunca pensei em ir. Pela graça do Senhor, tenho conseguido muitos frutos. Sinto-me privilegiada. Considero-me uma pessoa feliz. Hoje, praticamente, toda a minha família e vizinhos são evangélicos para honra e glória do Senhor.

Agradeço em nome do Senhor Jesus e coloco-me à disposição para qualquer esclarecimento. "A paz do Senhor é a aninha luz". Isaías 6:6-8.


Eliane Gonzaga dos Santos,
33 anos
membro da Igreja Metodista Wesleyana do Grajaú.


Fonte: Jornal El Shadai, nº2, pág 16, Outubro 92.


Nenhum comentário:

Postar um comentário