quinta-feira, 1 de outubro de 1992

Plantemos a Semente da Paz

Carlos Fernandes

"Plantemos a semente da paz". Este é o tema da campanha da Junta de Missões Nacionais de 1992. Paz... Uma palavra tão simples, mas que, de uma forma ou de outra, todos desejam ter. Segundo o dicionário da língua portuguesa, paz significa ausência de lutas, sossego, serenidade. Para Junta de Missões, entretanto, paz tem um significado muito maior. Significa Jesus Cristo, semeado nos corações de brasileiros nos mais distantes confins do país.

Esta semeadura começou há muito tempo, em 1907, quando representantes de 39 igrejas, votaram a criação da Junta de Missões Nacionais, durante a Primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Salvador. Desde o início, o objetivo foi bem estabelecido: coordenar os trabalhos na conquista da Pátria para Cristo. Não só o propósito foi definido com veemência, mas nos anos que se seguiram a estratégia do "plantio" também foi demarcada. A Junta seleciona, envia, sustenta e auxilia os missionários que são mandados para os campos ano após ano. Nos 85 anos de trabalho, a JMN, apoiada pelas Igrejas Batistas brasileiras, cresceu e se expandiu em várias direções. Tendo o evangelismo como objetivo central, a organização não fechou os olhos para as carências materiais do homem. Sendo assim, foi criado o Ministério Social, que compreende os trabalhos educacionais nos colégios que a Junta mantém, o trabalho indígena, assistência médica, assistência nos menores e aos idosos, trabalhos comunitários, recuperação de viciados e outros.

Atualmente, a JMN possui 212 missionados na evangelização direta; 60, no Ministério Social; 140, nos projetos com as Juntas Estaduais; dois missionários voluntários e dois bivocacionados, que servem a Deus através de suas profissões. No total, a Junta conta com 468 obreiros, no campo e nos trabalhos administrativos em sua sede, no Rio de Janeiro, tendo como secretário executivo, o pastor Ivo Augusto Seita.

PARA SER UM MISSIONÁRIO

O trabalho de um missionário é árduo. Para exercê-lo, a pessoa precisa sentir a chamado de Deus. Mas a preparação para ir para o campo também é necessária e imprescindível. A Junta de Missões Nacionais entra neste ponto como órgão selecionador, verificando as condições físicas e psíquicas de cada futuro missionário para enfrentar as batalhas, que certamente virão.

Segundo Sandra Regina Bellonce, do Departamento de Comunicação Social da JMN, através de campanhas feitas nas igrejas ou diretamente nos seminários, muitas pessoas tem despertado para se unirem à Junta no trabalho do missões. Estas pessoas, a partir desta chamada, são acompanhadas por uma assessoria aos vocacionados, através de correspondência e informações sobre o que é realmente trabalhar nesta causa. Durante este processo, a Assessoria orienta o vocacionado sobre a necessidade de frequentar o Seminário, que é uma condição para ser enviado para a seara.

A partir deste primeiro contato,o aspirante a missionário procura o Departamento de Nomeação da JMN, com uma documentação, que compreende o certificado de conclusão do curso de teologia ou educação religiosa, e uma carta detalhando suas atividades na igreja nos últimos dois anos e sua experiência de conversão e chamada. De posse destes documentos, uma Comissão vai analisá-los, considerando também a indicação do pastor da igreja que o futuro missionário é membro e também cartas de pessoas conhecidas que são contactadas para dar informações confidenciais sobre o candidato.

O processo não para aí. A pessoa é submetida a uma bateria de exames médicos e psíquicos, para se ter uma avaliação completa sobre as condições do futuro obreiro. De acordo com Sandra Regina Bellonce, o campo missionário é uma batalha espiritual e física. O missionário precisa estar muito preparado, pois muitas vezes, ele será mandado para regiões difíceis, onde há muitas adversidades. Por essa razão, a Junta é tão rigorosa neste processo. Para os obreiros que atendem a área de educação, o processo é um pouco diferente. O missionário-professor tem que apresentar diploma registrado no MEC, comprovando sua habilitação para lecionar. Neste campo, é desnecessário o curso de teologia ou educação religiosa. Atualmente, a área de educação tem apresentado uma grande necessidade de pessoal nos colégios batistas e também devido ao novo projeto de construção de UM colégio em Palmas, capital de Tocantins.

Para o trabalho indígena, a Junta também possui várias especificações que se referem a preparação do missionário. É preciso ter o curso de linguística e missiologia, além do curso de sobrevivência na selva. Segundo o Departamento de Comunicação, a Junta tem sido criteriosa na preparação dos obreiros que vão trabalhar com os índios, pois existe a preocupação de levar o evangelho sem cortar os laços com a cultura indígena. Para isso, o missionário tem que conhecer a língua da tribo, alfabetizando o índio na sua própria linguagem e também na língua portuguesa.

Assim, o índio tem condições de receber a Bíblia no seu próprio idioma, conhecendo a Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, mantendo a sua identidade natural.

Outra estratégia que a JMN tem usado com bastante sucesso é utilizar os missionários autóctones, que são índios convertidos ao evangelho que se sentem chamados para levara palavra aos seus irmãos. A Junta tem hoje dois destes missionários-índios trabalhando nas tribos.

PLANTANDO A SEMENTE

Apesar do pique ser em setembro, a campanha para arrecadar recursos para enviara Junta como objetivo de sustentar o trabalho de evangelização nos campos missionários, continua o ano todo.

A Junta de Missões Nacionais estabeleceu como alvo este ano oito bilhões de cruzeiros. Os recursos serão utiliza-dos no sustento dos missionários, no envio de material para o evangelismo, realização dos trabalhos de assistência social, educação e muito mais.

Masa JMN, além de manter o trabalho que já existe, tem como objetivo expandir ainda mais seu campo de ação. Hoje, existem seis mil cidades brasileiras sem trabalho batista e cerca de 103 tribos sequer tem conhecimento de um versículo bíblico traduzido para a sua língua.

A campanha de missões nacionais, além do objetivo de levantar verbas para manter a obra, tem um alvo ainda maior: despertar mais obreiros para trabalhar nos campos missionários. Para a Junta, "Plantar a semente da paz" só é possível através de mãos que se disponham a segurar o arado, pois os recursos Deus nunca deixa de enviar.

A Junta de Missões Nacionais quer, através desta campanha, comover os evangélicos sobre a necessidade deste "plantio", não só nos lugares mais longínquos do país, como nas cidades grandes deste Brasil tão carente de Paz...

Fonte: Jornal El Shadai, nº1, pág 8, Outubro 92.

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