SÃO PAULO - A Monark investiu US$ 2 milhões na primeira fase da campanha publicitária,
criada pela agência DM/9, que começa a ser veiculada no próximo domingo. Ao todo, são
dois filmes, quatro anúncios para a mídia impressa, além de outdoors. O principal objetivo
da campanha é mostrar a nova linha mountain bike Monark, que atualmente responde por 34%
do volume de vendas da companhia.
"Até o final do ano a nossa meta é atingir 40% de vendas da linha mountain bike", diz
Daniel Galindo, diretor de marketing da Monark. Os filmes criados pela DM9 foram feitos
no Chile e as fotos produzidas no deserto de Utah, Colorado, e na Califórnia.
O filme de nome Paraíso mostra um ciclista subindo uma montanha com uma bicicleta mountain
bike Monark. A câmera detalha o esforço e a luta contra os obstáculos e destaca os vários
tipos de terrenos percorridos, como areia, argila, duna e rochas, todos no Norte do Chile.
Na trilha sonora, um gospel exalta a determinação daqueles que tem fé e chegam onde querem.
Depois do jantar, na inacessível
concentração de Teresópolis, a rotina continua para Jorginho, Müller,
Palhinha, Taffarel e Elivélton. Nada de carteado, novelas ou conversas
sobre empresários que poderiam arrumar milionárias transações -
divertimentos prediletos da maioria. Cada jogador pega a sua Bíblia e
vai até o quarto marcado para o culto. Müller, que pretende ser pastor
quando parar com o futebol, lê salmos em voz alta. O atacante pára
quando encontra uma passagem significativa ou quando surge alguma
dúvida sobre o significado de alguma metáfora.
"Seleção Brasileira e Deus são compatíveis. Não existe lugar no mundo
que a pessoa não possa crescer aprendendo e debatendo sobre as palavras
do Senhor - prega Müller. Os cultos evangélicos acontecem com a benção
de Parreira, ele mesmo católico convicto. "Não vejo o menor problema.
Pelo contrário, sinto que os jogadores ficam mais confiantes e
tranqüilos depois de rezar. Não atrapalha o ambiente de jeito algum",
assegura.
Já houve o tempo em que os Atletas de Cristo eram vistos como um bando
de jogadores fracos de futebol ou de cabeça que buscavam apoio em Deus
para os seus males. Apontados como fanáticos, tinham de fazer os seus
cultos escondidos dos treinadores. A situação mudou muito.
"A porta do quarto fica aberta. Quem quiser entrar e rezar com a gente
é bem vindo. Não precisa ser convertido. Basta acreditar em Deus e
querer o bem alheio. Nós temos uns visitantes esporádicos" - diz,
alegre, Palhinha. "A gente sabe que a reunião deles começa lá pelas
nove horas. Todo mundo respeita e procura não pertubá-los. Depois de
meia hora, as orações já terminaram e voltam as brincadeiras para cima
de todo mundo. Atletas de Cristo ou não. Já estou acostumado. No
Palmeiras é o César Sampaio quem prega. Aqui é o Müller" diz Zinho.
O lateral Jorginho garante que não existe um trabalho forçado de
convencimento para os jogadores mais novos assumirem a religião.
Segundo ele tudo acontece ou não de uma forma natural:
"Nós evangélicos estamos ganhando muito espaço. A palavra do Senhor
está sendo melhor entendida. Ganhando força espiritual estamos melhor
preparados para todas as situações que forem surgindo em nossa vida.
Quanto mais pessoas estiverem convertidas melhor. Mas não depende de
ninguém. A pessoa adota a religião caso se sinta pronta para receber
Deus" - jura.
O fanatismo é exconjurado. Nenhum jogador cristão esconde a ira quando
tem de falar se sabe adotar a religião sem perder a noção da atividade
esportiva escolhida para tirar o sustento. "De jeito algum. Vivem
falando isso do nosso grupo, mas buscamos apenas Deus como qualquer
outra religião. O que acontece é que somos jogadores conhecidos e isso
impressiona", diz o futuro pastor Müller, que as segundas-feiras
costuma promover cultos na sua casa em São Paulo.