quinta-feira, 1 de outubro de 1992

Ator Ary Coslov

Ary Coslov é um dos veteranos de televisão. Já participou de inúmeras novelas, interpretou diversos personagens no teatro e atualmente junto com José Carlos Pieeri é um dos diretores de um curso para atores de televisão.

Conversando com Ary Coslov, é possível constatar a satisfação desse homem que tenta passar para os inúmeros jovens sua experiência de se "expor" a câmera. Ele explica que o curso tem como objetivo facilitar o desempenho dramático do jovem ator, já que muitos são frutos do teatro e alguns sentem-se inibidos diante da câmera.

Ary Coslov conta para o Jornal El Shadai que "está dando um tempo" em televisão, apesar da Manchete estar reprisando a comédia "Tamanho Família" um de seus últimos trabalhos em tevê. Sobre teatro, menciona que dirigiu dois espetáculos, inclusive um sobre "Álvares de Azevedo", chamado "Idéias Íntimas". Correndo atrás de patrocínio, revela que ano que vem pretende montar a primeira peça escrita por Rubem Fonseca, especialmente para o teatro, por coincidência sobre Álvares de Azevedo, "Os últimos momentos de vida do poeta".

Ele diz ainda que ganhou um prêmio, há dois anos em Cuba, num festival de televisão pela melhor produção musical sobre Milton Nascimento. Sobre a crise política no país menciona que a maioria dos brasileiros desejava o impeachment do Presidente Fernando Collor. O maior "barato" desse momento que a gente está vivendo é o acordar da juventude que não se manifestava há anos. De repente toma-se conhecimento desses jovens que estão querendo se integrar a vida política e social do país. "Eu só espero que o Brasil saia moralmente fortalecido desse episódio. Que a moral a ética voltem a vigorar e que os políticos sirvam ao povo que é basicamente a função deles", enfatiza.

Sobre a atual situação do teatro no Brasil, Ary Coslov diz que a recessão tem afetado a cultura, mas o problema não é recente. Ele ressalta que desde a época do regime militar, as autoridades nunca se preocuparam em realizar um projeto cultural, com o agravamento da crise econômica a situação ficou mais crítica.

Ele menciona, ainda, que o pessoal de teatro tem muita dificuldade em conseguir patrocinadores e com o governo não se pode contar. Atualmente, duas ou três empresas ainda "dão uma força", mas é preciso "batalhar muito". A impressão que se tem é que a cultura passou a ser secundária, desabafa.

Mas apesar de tudo, Ary Coslov, como todo artista, sabe que "o show não deve parar" e recomenda aos jovens que desejam seguir a carreira cênica que tenham muita disciplina, determinação e principalmente talento porque o mercado de trabalho é muito restrito. É preciso ter confiança em si mesmo porque é uma carreira muito competitiva.

Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 3.

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