domingo, 1 de novembro de 1992

Testemunho: Otávio de Carvalho

Meu nome é Otávio de Carvalho. Espero que o meu testemunho possa tocar seu coração, através do Espírito de Deus. Tive uma infância muito difícil. Fui criado num terreiro de umbanda passando em seguida para o candomblé, onde raspei a cabeça, fazendo o santo.

Fui me envolvendo cada vez mais com isso, ao mesmo tempo em que sentia uma tristeza inexplicável. Certo dia, um dos meus familiares levou-me a conhecer uma igreja evangélica. Então pude conhecer Deus. Tive consciência do quanto aquele Deus era forte. No final do culto, aceitei Jesus como meu Salvador.

Só que o meu lar era espírita. Fui influenciado. Acabei me desviando. Aos 13 anos assumi minha homossexualidade. Com 16, saí de casa e passei a trabalhar como cabeleireiro e maquilador. Comecei a frequentar boates gays, a usar drogas. Tornei-me viciado, ao mesmo tempo que repudiava minha imagem de homem. Eu queria ser mulher a qualquer preço. Comecei a me travestir e tomar hormônios. Deixei os cabelos crescerem, andando maquiado e com vestes femininas adotei o nome de Monique. Foi um escândalo, um vexame para minha mãe.

Em 1984, ganhei o título de Miss Brasil Gay, numa boate que frequentava. Nessa época eu já era dono de um salão na Tijuca. Apesar de uma boa situação financeira, não conseguia ser feliz. Um dia junto com um grupo de gays fui fazer o exame de sangue, advertido sobre o perigo da Aids. Abrimos os envelopes e apenas o meu teste havia dado positivo. Comecei a chorar e perguntei inocentemente ao médico o que deveria tomar pra ficar bom. Ele explicou que não havia cura. O desespero tomou conta de mim. Minha mãe não aceitou o fato e chegou a me propor suicídio.

Após seis meses, os sintomas começaram a surgir. Emagreci. Os cabelos caíam. Fiquei algum tempo no Hospital Universitário Gafree Guinle. Voltei para casa. Sofri nova crise. Minha mãe me levou desacordado para o hospital, onde foi diagnosticado pneumonia dupla. Passei quatro meses sofrendo.

Decidi acabar com minha vida. Fui até a janela, quando algo chamou minha atenção: uma TV. Os familiares do meu companheiro de quarto, Sebastião, haviam levado uma televisão. Perguntei se poderia assistir, ele disse que sim, já que preferia o rádio porque nele podia ouvir os louvores a Deus. Em seguida, perguntou-me se era crente. Disse que tinha sido, mas havia me transformado num desviado.

Então ele falou-me que eu poderia ser salvo por Jesus. Jesus vai te tirar desse hospital. “Jesus mostrará ao mundo, através de ti, que é o médico dos médicos”. Saí dali, mas o que aquele homem falara me perseguia, até que olhei para o alto e com o coração aberto disse "Jesus, eu não sei se posso crer que estejas me escutando. Não sei se posso crer na tua existência. Só sei que estou aqui neste hospital morrendo de Aids, mas aquele homem falou que você pode fazer alguma coisa. Peço que se existes, não precisa me curar, mas me deixe viver um pouco mais. Faz alguma coisa acontecer. Me dá um sinal da tua existência".

Após esses pensamentos caí num sono profundo. Acordei no dia seguinte com o médico perguntando pela radiografia. Ela havia sumido. Foi preciso tirar outra e na hora não senti os pulmões doerem como havia acontecido na primeira vez.

Pensei que isso poderia ser um sinal de Jesus, mas relutei em acreditar. Ao retornar ao quarto, encontrei a Bíblia deixada por Sebastião. Abri, mas joguei-a no chão, seria besteira imaginar que poderia ser salvo, afinal Aids mata, pensei. Entretanto, como que hipnotizado pelo Livro Sagrado, li o seguinte versículo: disse Jesus, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá".

Quase que imediatamente o médico reapareceu com minha radiografia afirmando que não havia nada nos meus pulmões. Eles estavam limpos. Tive alta. Fui para casa. Ao chegar rasguei todas as minhas roupas femininas. Destruí todo o meu passado e disse "que daquele momento em diante teria uma nova vida, ainda que não fosse por muito tempo, mas o restante da minha existência seria vivido em louvor a Jesus".

Passados alguns dias, conheci uma jovem chamada Mônica que trabalhava na minha recuperação. Fiquei surpreso quando soube que ela havia se apaixonado por mim, e mais admirado fiquei quando constatei que também me apaixonara. Casamos. Na lua de mel, não houve problemas, porque' quando Jesus transformou minha vida, me transformei num homem de verdade. Três meses depois Mônica ficou grávida. Os médicos recomendaram um aborto, porque a ultrassonografia havia acusado problemas cardíacos no bebê. Não aceitamos a ideia e oramos a Deus.

No dia 8 de fevereiro de 89, Mateus nascia saudável e forte, graças ao poder de Jesus Cristo. Se as lembranças daqueles tempos me perturbam? Não, não me perturbam mais. Fiz ima transfusão espiritual. O sangue que agora corre em minhas veias já não é mais contaminado, pois é o sangue precioso de Jesus.

Se você ainda não aceitou Jesus, abra seu coração... deixe ele entrar... então saberá porque o meu é o Deus do impossível. Amém. Otávio de Carvalho Missão Batista Renovador Jardim Tropical Nova Iguaçú



Fonte: Jornal El Shadai, nº3, pág 20, Novembro 1992.

3 comentários:

  1. Eu creio em cura e testemunho Deus fechou a boca do leão...inimigo das pessoas sem Cristo....

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  2. Vi esse testemunho em uma pregação antiga de Hernandes Dias Lopes e vim pesquisar

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