domingo, 1 de novembro de 1992

José Messias - Um homem de comunicação nacional

Falar sobre a Rádio Nacional AM e não mencionar José Messias é a mesma coisa de vir ao Rio de Janeiro e não conhecer o mar. A Nacional está para Messias, como Messias para a Rádio, ambos se fundem. Mas quem pensa que José Messias é apenas um homem de rádio, engana-se porque este mineiro é jornalista, produtor, diretor, compositor e cantor.

Ele chegou ao Rio em 1948, atraído pelos encantos da Cidade Grande e uma imensa vontade de conhecer o Pão de Açúcar, o Corcovado, o Bonde e a Rádio Nacional, que mexia com a emoção de 50 milhões de brasileiros.

"O meu grande sonho era tornar-me comediante, entretanto, aceitei o convite de Erivelto Martins e larguei o circo. Vim pra o Rio, onde, segundo ele, eu me transformaria num grande compositor, porém durante 3 anos trabalhei como secretário de Erivelto, até que me tornei animador de pro-gramações. Desta maneira, passei a freqüentar os bastidores da emis-sora", ressalta.

Messias conta que sua estréia no Rádio foi com o "Programa Festival de Ritmos", tendo como padrinhos Erivelto Martins e Emilinha Borba. "O programa com duração de uma estendeu-se a três horas, fazendo o maior sucesso". O jornalista diz, ainda, que a Rádio Nacional estava para o país como a Rede Globo está hoje para o Brasil. Ele lembra que naquela época os principais nomes da Música Popular Brasileira eram contratados da Rádio Nacional que possuia cinco orquestras. "A televisão, ressalta Messias, foi um desastre para o Rádio que sempre foi fiel ao público".

Messias menciona que começou como compositor, querendo ser humorista, mas acabou sendo apresentador, inclusive com muito sucesso na TV Rio, onde, levado por Walter Clark, fazia um programa. de 4 horas de duração aos domingos, lançando nomes da Jovem Guarda como Roberto Carlos, Wanderléia, Jerry Adriane, Erasmo Carlos, entre outros. Em seguida, foi convidado por Flávio Cavalcante pra ser jurado e eventual substituto do apresentador, terminando como diretor geral do programa.

Polivante, Messias sonha em realizar um grande projeto em 93, ressaltando que "tem necessidade de produzir e dirigir um musical", "Sou um homem do espetáculo ao vivo. Do espetáculo com alma, emoção", enfatiza.

Ele revela que pretende organizar um festival de Música Popular Brasileira para descobrir novos valores, buscar novos talentos. "A idéia é realizar o FENATRA — Festival Nacional dos Trabalhadores —, cuja final seria no Maracanã no dia 14 de maio, com representantes de todo o país", diz Messias, empolgado.

Esse versátil mineiro está diariamente na Rádio Nacional onde apresenta das 13 às 16:30h o programa "Segundo Caderno", com entrevistas, variedades e artistas. Aos sábados, ele apresenta o programa "Show da Cidade", que é veiculado das 10h ao meio-dia. Com mais de 200 músicas gravadas pór alguns dos mais famosos representantes da M.P.B., com passagens em cinco jornais, atuante na televisão e no rádio e responsável pela instalação de algumas emissoras de Rádio, José Messias recentemente foi homenageado na Câmara de Vereadores com a medalha Tiradentes, recebendo o título de benemérito da Cidade do Rio de Janeiro. Pra quem não sabe, Messias foi diretor geral do Clube dos Artistas em São Paulo, é sócio honorário das Sociedades e Autores, ISBASEN, foi fundador do Sindicato dos Compositores e faz parte do quadro da Ordem dos Músicos.


Fonte: Jornal El Shadai, nº3, pág 16, Novembro 1992.

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