Mostrando postagens com marcador testemunho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador testemunho. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de janeiro de 1993

Deus é demais! Ricardo Machado

Ele era apenas uma criança. Tinha 13 anos de idade quando enveredou-se pelo caminho dos tóxicos. Sem pai e sem mãe, Ricardo Machado Rainha cresceu fumando maconha e cheirando cocaína no Morro do Andará. O dono do "movimento", era nada mais nada menos do que um dos seus irmãos. A droga vinha fácil e Ricardo a cada dia envolvia-se mais intensamente naquele mundo de vícios.

Era tanta "doideira" que às vezes Ricardo se drogava por quatro dias seguidos. O nariz chegava a sangrar de tanto cheirar "pó". Mas apesar de tantas "loucuras" e "viagens", Ricardo sentia-se insatisfeito...

Caçula de uma família de seis irmãos, Ricardo, certo dia ficou sabendo que uma irmã da igreja, de uma das cunhadas tivera uma visão. Segundo ela, a casa do irmão de Ricardo, que era traficante da área, seria cercada por um exército inimigo. Passado algum tempo, o que parecia apenas um pressagio, tomou-se realidade. Alguns comparsas começaram a ambicionar a "boca" e a guerra pelo domínio do tráfico começou. O morro do Andaraí se dividiu. Ricardo foi alertado por alguns moradores de que um tal "fulano" iria matar o seu irmão para ficar com o domínio do tráfico. Passado algum tempo, este homem bateu a porta de Ricardo para tirar satisfações. Ambos discutiram e Ricardo levou um tapa no rosto. "Naquele momento, senti ímpeto de pegar o revólver, mas graças ao Senhor me controlei," revela.

Fui casa desse meu irmão que estava marcado para morrer, ele não acreditou no que eu disse e me expulsou da gerência de uma das "bocas". Decorrido alguns dias vi um tumulto, aproximei-me e reconheci o tal homem com quem discutira. Ele estava cercado pela quadrilha de meu irmão. "O mano tinha descoberto a traição", pensei. Ele me chamou eentregou-me o revólver calibre 38 para que eu atirasse no inimigo. As lembranças do tapa no rosto vieram a minha mente, enquanto escutava o diabo falar em meu ouvido para que eu atirasse sem dó e sem piedade. Os outros homens gritavam e diziam que bastava dar um tiro de raspão, que eles termirnariam o serviço. A tentação era muita... Uma guerra se passava dentro de mim. O bem e o mal lutavam entre si e graças ao Senhor o bem triunfou. Não tive coragem de apertar aquele gatilho e o sujeito chorando foi banido do morro pelo meu irmão.

Só que todos nós nos enganamos porque mal conseguiu se livrar, o traidor espalhou para os outros "gerentes" que meu irmão queria expulsar todos dali e ficar sozinho no negócio. Então a guerra começou.

Toda a família se reuniu, e de armas em punho começou o tiroteio. As balas passavam quase raspando pela minha cabeça. Eu já não sabia mais o que era realidade ou "doideira". O coração batia de maneira descompassada, ficamos encurralados entre as ruelas do morro. Fugimos. Os tiros cada vez mais perto. As portas dos barracos se fechavam. Não havia ajuda. Havia sim, medo e cheiro de morte.

Eu e meus irmãos paramos para descansar, e no meio do tiroteio ouvi quando um deles olhou para o alto e disse "Senhor Deus, ajude-nos. Senhor dai-nos outra oportunidade".

Naquele momento senti a força da oração do meu irmão, e como um milagre verificamos que o inimigo começou a recuar. Olhamos e vimos que soldados do Sexto Batalhão de Policia Militar se aproximavam. Os "tiras" passaram por nós sem perceber a nossa presença. Depois disto saimos do morro. Eu continuei no Rio, trabalhando em minha loja de ourives, entretanto, ainda estava ligado aquele mundo de vícios, só com uma diferença, agora eu tinha que comprar drogas. O dinheiro que conseguia era todo "queimado" em "bagulho" e cocaína. Então, mais uma vez, a mão protetora de Deus se fez presente em minha vida. Como os negócios na loja andavam mal, aceitei a sociedade de um conhecido que era crente. E sem perceber comecei a ser evangelizado. Aos poucos a loja deixou de ser frequentada por assaltantes e traficantes. Uma nova clientela ia se formando, constituída de crentes que sempre recitavam passagens bíblicas e eu, entre um "bagulho" e outro, começava a refletir sobre Jesus. Até que um dia, minha cunhada trouxe uma palavra para mim que dizia "por que gastais dinheiro por aquilo que não é pão? e o produto do vosso trabalho com aquilo que não pode satisfazê-lo?"

Eu sentia cada vez mais e de maneira intensa que Deus me chamava, que tentava me resgartar para o seu Reino. Decidido aceitei participar de uma festa organizada por um grupo de evangélicos e na hora da mensagem, na hora do apelo, senti o chamado de Jesus... Foi como se eu renascesse. O passado de drogas parecia tão distante.... A maconha e a cocaína já não me atraiam. Eu me sentia liberto. Deixara de ser dependente dos vícios. Deste dia em diante nunca mais coloquei um cigarro de maconha na boca e a Bíblia começou a fazer parte da minha vida. Então lendo a Palavra pude perceber o quanto estava perdido, porque só quando se encontra a luz é que se tem consciência da escuridão... E eu já não estava mais nas trevas. Agora era possível enxergar o meu caminho.

Após seis meses da minha conversão, o Senhor sentiu o meu arrependimento e sinceridadee como prova de sua infinita bondade fui usado para resgatar um mendigo das ruas. Após este trabalho, a igreja se reuniu e fui eleito diretor de evangelismo. Desde que aceitei Jesus como meu Salvador, tenho espalhado a Palavra a todo momento, a todo instante, a todos que atravessam o meu caminho. Só agora compreendo porque tive que passar o que passei. Agora entendo porque fui um viciado, marginalizado e quase assassino. Era preciso conhecer o submundo, a sarjeta e a escuridão para poder levar luz aos que permanecem nas trevas e digo ainda que a minha última dose, a dose mais forte foi Jesus. Só Jesus preenche o vazio. Tenha o tamanho que tiver...



Ricardo Machado Rainha
Igreja Metodista Wesleyana de Vila Kennedy
Vila Progesso


Fonte: Jornal El Shadai, nº6, pág 20, Janeiro 1993.

segunda-feira, 21 de dezembro de 1992

Deus é demais: Malu Pinheiro

Malu Pinheiro, como toda moça sonhava em casar e ter filhos. Bonita, desde pequena chamava à atenção dos homens. Adolescente ainda, já despertava paixões inclusive em homens casados, maridos das amigas. Na escola, na vizinhança, era a que mais sobressaia devido ao seu encanto. No trabalho, era tão "paquerada" que chegou a pedir demissão, devido a insistência do chefe. Mas Malu queria apenas um homem que a amasse de verdade, que não apenas à desejasse. Malu fixou a idéia de que todos homens eram iguais, que apenas queriam se aproveitar. Ela almejava mais do que sexo. Malu ansiava por carinho e aconchego. Sentido-se cansada decidiu passar alguns dias numa Colônia de Férias. Foi ali que despertou para o homossexualismo. No banheiro do alojamento viu pela primeira vez duas mulheres se beijando. O coração acelerou... os olhos brilharam... a mente divagou.., e ao mesmo tempo em que repudiava àquela cena se sentia mais atraída...

Malu começou a frequentar barzinhos de homossexuais e lá conheceu uma garota por quem sentiu muito atração. Reencontrou-a logo depois na casa de uma amiga e foi nesse dia que Malu foi beijada pela primeira vez. Seu primeiro beijo foi dado por uma mulher. Coração novamente acelerado... vergonha, medo, excitação...

Quando fez 18 anos, foi a uma boate e lá começou a namorar uma garota com quem dançara. Entre "tapas e beijos" o romance, durou 2 anos já que Malu não se deixava tocar... Ela queria apenas ser beijada, abraçada. Queria atenção, carinho... precisava de ternura ...

Depois de algum tempo, Malu começou uma nova relação e essa foi prá valer. O novo caso tratava-a que nem uma princesa, sendo afetuosa, carinhosa e Malu de repente se viu completamente envolvida , findando por ir morar com essa mulher. A família percebeu, os comentários surgiram, a mãe entre lágrimas dizia que tinha uma filha homossexual...

Os sentimentos eram confusos. Malu não queria admitir que gostava de mulheres, no entanto, a atração que sentia pelo sexo feminino estava nas entranhas e por mais que tentasse seria difícil repudiar esse desejo... só podia ser uma coisa satânica. Nesse meio tempo a família de Malu tornou-se evangélica, aceitando Jesus como salvador ... e as orações começaram... .

A Bíblia foi lida várias vezes e nenhuma dessas vezes Malu entendeu a palavra do Senhor e somente mais tarde é que percebeu que quando não se tem Jesus não se compreende nada. O clima na casa dela continuava tenso e Malu resolveu voltar para junto dos familiares fingindo, no entanto, que terminara com a mulher. Mas a paixão era muito forte. Apesar da ardência desse relacionamento, Malu sentia a dor da mãe e sofria. Então num dia em que refletia sobre a vida e sobre os próprios sentimentos pediu a Deus que lhe desse uma nova oportunidade... que fosse possível começar tudo de novo. Então as coisas começaram a mudar... o caso de Malu já não a tratava com tanto carinho, as gentilezas foram se tornando raras. A relação terminou e Malu sentiu-se morrer... mas aos poucos pela força do Espírito Santo, começou a reagir. Passou a frequentar a igreja e lá conheceu um rapaz a quem revelou o seu grande segredo. Teve apoio e carinho desse homem que mais tarde pediu para namorá-la. Após o batismo, Malu começou a fazer parte do Grupo de Teatro "Arte e Fé" e atualmente também realiza um trabalho de evangelização com os homossexuais que atuam na Glória, Lapa, Cinelândia e Praça Mauá. Malu compreende muito bem a vida dessas pessoas e por isso tenta resgatá-las para junto de Deus.

Malu, no momento não está namorando, entretanto não se sente mais sozinha porque tem esperanças de que um dia o Senhor irá realizar os seus sonhos de encontrar o verdadeiro amor num homem que a ame de verdade e que juntos unido s pelo companheirismo e carinho possam louvar o Senhor de mãos dadas...

OBS.: Atendendo ao pedido da irmã usamos um nome fictício. No entanto, qualquer correspondência poderá ser enviada à edição de nosso jornal.

Fonte: Jornal El Shadai, nº5, pág 20, Dezembro 1992.

quarta-feira, 16 de dezembro de 1992

Deus é demais

Meu nome é Carlos Alberto Ferreira Guimarães, anteriormente conhecido como Cadinhos Tenente. Apesar de possuir um determinado grau de instrução e de ter atingido o posto de segundo-tenente da Polícia Militar enveredei pelo caminho do crime e da corrupção. Me envolvi com samba, espiritismo e tóxicos. Aprendi a destruir e matei 53 pessoas. Fiz parte do alto escalão do crime organizado. Fui traido e condenado a vários anos de detenção pela Polícia Federal.

Dentro do presídio de Água Santa para onde fui levado, ajudei a elaborar um plano para explodir o local.

Não deu certo. O plano foi descoberto. Fui levado para o calabouço onde ficaria um mês. Se resistisse seria levado para o Bangu I. Eu estava marcado para morrer.

Para que se tenha idéia, o calabouço do Água Santa fica quatro andares abaixo da terra, não existe a luz do sol, não existem visitas e só se come uma vez por dia. Normalmente um angu podre que tem que ser dividido com os ratos do contrário eles atacam. Eu estava sozinho, mas a própria solidão começou a fazer com que eu refletisse sobre os meus atos passados, as crueldades que havia praticado e as lágrimas que havia sido causador.

Então comecei a ter consciência de Deus e orei para que o meu filho não tivesse o meu destino: ser um bandido. Que fosse honesto e não desprezasse as- oportunidades como eu o fizera.

Após uma semana pedindo misericórdia a Deus, soube que já não seria mais transferido para o Bangu I e sim para o Frei Caneca. Saí de uma cela de quatro metros quadrados para uma de dezesseis e isso para mim era liberdade. Agradeci a Deus pela benção obtida, mesmo assim permaneceria meses isolado. Houve uma anistia, o meu nome estava incluido. Eu não precisaria mais ficar recluso, poderia sair da cela, e quando isso aconteceu fui em direção a um culto evangélico que se realizava nas dependências do presídio. Eu estava drogado, o Pastor percebeu e no final das orações disse que Deus poderia fazer um milagre em minha vida. Deus poderia me libertar dos vícios e pediu que eu abrisse o coração ao Senhor. À noite, liguei meu rádio em uma emissora evangélica eaos poucos fui entendendo a mensagem de Deus, de Jesus Cristo e caí em prantos ... chorei... pedindo perdão a Deus pelas vidas que havia tirado... pelo sofrimento que teria causado e por todos males que provocados.

Acordei liberto pelo poder do Espírito Santo. Não mais cheirava cocaina, nem fumava maconha. Passei a semana toda falando de Jesus para os outros detentos que não entendiam nada. Minha fé, minha aceitação por Jesus Cristo, aconteceu de maneira intensa. Deus havia me transformado em um novo homem.

Um mês depois, fui chamado pela psicóloga do presídio que percebeu minha mudança e devido a essa transformação me foi dada mais uma oportunidade.

Fui para o albergue de Niterói e lá ajudei a formar uma congregação que tem como objetivo proclamar a palavra do Senhor. Fundamos um movimento chamado comando de Cristo. Eu faço esse testemunho para que todos saibam que existe uma esperança. Por pior que seja a situação é preciso ter fé em Deus. E preciso estar com Deus no coração e aceitar Jesus Cristo.

Fui transformado de um homem violento e sanguinário em um servo do Senhor. Pela misericórdia de Jesus, hoje trabalho no Tribunal Re-gional Eleitoral. Tenho feito cursos de atualização e aos poucos vou me ressocializando, reintegrando-me ao sistema. Já não estou sozinho. Jesus me transformou numa nova criatura. Jesus transformou minhas mãos outrora assassinas, em mãos que manuseiam a Bíblia a procura de entendimento. Deus também pode fazer de você urna nova criatura. Que este testemunho sirva para comprovar que tudo é possível, desde que se tenha fé em Deus.

Carlos Alberto Ferreira Guimarães Igreja Assembléia de Deus de Campo Grande

Fonte: Jornal El Shadai, nº4, pág 20, Dezembro 1992.

domingo, 1 de novembro de 1992

Testemunho: Otávio de Carvalho

Meu nome é Otávio de Carvalho. Espero que o meu testemunho possa tocar seu coração, através do Espírito de Deus. Tive uma infância muito difícil. Fui criado num terreiro de umbanda passando em seguida para o candomblé, onde raspei a cabeça, fazendo o santo.

Fui me envolvendo cada vez mais com isso, ao mesmo tempo em que sentia uma tristeza inexplicável. Certo dia, um dos meus familiares levou-me a conhecer uma igreja evangélica. Então pude conhecer Deus. Tive consciência do quanto aquele Deus era forte. No final do culto, aceitei Jesus como meu Salvador.

Só que o meu lar era espírita. Fui influenciado. Acabei me desviando. Aos 13 anos assumi minha homossexualidade. Com 16, saí de casa e passei a trabalhar como cabeleireiro e maquilador. Comecei a frequentar boates gays, a usar drogas. Tornei-me viciado, ao mesmo tempo que repudiava minha imagem de homem. Eu queria ser mulher a qualquer preço. Comecei a me travestir e tomar hormônios. Deixei os cabelos crescerem, andando maquiado e com vestes femininas adotei o nome de Monique. Foi um escândalo, um vexame para minha mãe.

Em 1984, ganhei o título de Miss Brasil Gay, numa boate que frequentava. Nessa época eu já era dono de um salão na Tijuca. Apesar de uma boa situação financeira, não conseguia ser feliz. Um dia junto com um grupo de gays fui fazer o exame de sangue, advertido sobre o perigo da Aids. Abrimos os envelopes e apenas o meu teste havia dado positivo. Comecei a chorar e perguntei inocentemente ao médico o que deveria tomar pra ficar bom. Ele explicou que não havia cura. O desespero tomou conta de mim. Minha mãe não aceitou o fato e chegou a me propor suicídio.

Após seis meses, os sintomas começaram a surgir. Emagreci. Os cabelos caíam. Fiquei algum tempo no Hospital Universitário Gafree Guinle. Voltei para casa. Sofri nova crise. Minha mãe me levou desacordado para o hospital, onde foi diagnosticado pneumonia dupla. Passei quatro meses sofrendo.

Decidi acabar com minha vida. Fui até a janela, quando algo chamou minha atenção: uma TV. Os familiares do meu companheiro de quarto, Sebastião, haviam levado uma televisão. Perguntei se poderia assistir, ele disse que sim, já que preferia o rádio porque nele podia ouvir os louvores a Deus. Em seguida, perguntou-me se era crente. Disse que tinha sido, mas havia me transformado num desviado.

Então ele falou-me que eu poderia ser salvo por Jesus. Jesus vai te tirar desse hospital. “Jesus mostrará ao mundo, através de ti, que é o médico dos médicos”. Saí dali, mas o que aquele homem falara me perseguia, até que olhei para o alto e com o coração aberto disse "Jesus, eu não sei se posso crer que estejas me escutando. Não sei se posso crer na tua existência. Só sei que estou aqui neste hospital morrendo de Aids, mas aquele homem falou que você pode fazer alguma coisa. Peço que se existes, não precisa me curar, mas me deixe viver um pouco mais. Faz alguma coisa acontecer. Me dá um sinal da tua existência".

Após esses pensamentos caí num sono profundo. Acordei no dia seguinte com o médico perguntando pela radiografia. Ela havia sumido. Foi preciso tirar outra e na hora não senti os pulmões doerem como havia acontecido na primeira vez.

Pensei que isso poderia ser um sinal de Jesus, mas relutei em acreditar. Ao retornar ao quarto, encontrei a Bíblia deixada por Sebastião. Abri, mas joguei-a no chão, seria besteira imaginar que poderia ser salvo, afinal Aids mata, pensei. Entretanto, como que hipnotizado pelo Livro Sagrado, li o seguinte versículo: disse Jesus, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá".

Quase que imediatamente o médico reapareceu com minha radiografia afirmando que não havia nada nos meus pulmões. Eles estavam limpos. Tive alta. Fui para casa. Ao chegar rasguei todas as minhas roupas femininas. Destruí todo o meu passado e disse "que daquele momento em diante teria uma nova vida, ainda que não fosse por muito tempo, mas o restante da minha existência seria vivido em louvor a Jesus".

Passados alguns dias, conheci uma jovem chamada Mônica que trabalhava na minha recuperação. Fiquei surpreso quando soube que ela havia se apaixonado por mim, e mais admirado fiquei quando constatei que também me apaixonara. Casamos. Na lua de mel, não houve problemas, porque' quando Jesus transformou minha vida, me transformei num homem de verdade. Três meses depois Mônica ficou grávida. Os médicos recomendaram um aborto, porque a ultrassonografia havia acusado problemas cardíacos no bebê. Não aceitamos a ideia e oramos a Deus.

No dia 8 de fevereiro de 89, Mateus nascia saudável e forte, graças ao poder de Jesus Cristo. Se as lembranças daqueles tempos me perturbam? Não, não me perturbam mais. Fiz ima transfusão espiritual. O sangue que agora corre em minhas veias já não é mais contaminado, pois é o sangue precioso de Jesus.

Se você ainda não aceitou Jesus, abra seu coração... deixe ele entrar... então saberá porque o meu é o Deus do impossível. Amém. Otávio de Carvalho Missão Batista Renovador Jardim Tropical Nova Iguaçú



Fonte: Jornal El Shadai, nº3, pág 20, Novembro 1992.

quinta-feira, 15 de outubro de 1992

Testemunho

Carlos Fernandes

Pai pela grande misericórdia de DEUS, através de seu filho JESUS, hoje sou uma ex-viciada, ex-ladra e ex-pres idiária. O meu drama teve início aos 16 anos, quando comecei a fazer uso de drogas (maconha e cocaína injetável). Conheci pessoas que me levaram a frequentar o meio artístico.

Vivi 5 anos com um ator e tenho desta convivência um casal de filhos, uma moça de 16 anos e um garoto de 14 anos de idade. Em 1980, após minha separação, voltei a morar com os meus pais, levando junto os meus filhos, porém fui submetida a imposições, tive que abrir mão de um deles. Optei pela menina. Nunca mais vi meu filho, que está na companhia do pai, desde os 3 anos de idade. Lancei-me nas drogas, frequentando morros, fugindo da polícia em meio a tiroteios. Fui condenada a 3 anos de prisão. Convivi com mulheres altamente perigosas, mas, antes do término da pena, fui posta em liberdade por bom comportamento. Porém, já havia me tomado fruto deste sistema penitenciário. Saí de lá, fazendo parte de uma quadrilha de assaltantes de joalherias. Cheguei a ganhar de" presente um revólver, calibre 38, do pessoal que era de nível universitário. Isto me fazia inteligente e importante. Hoje estão todos mortos. A minha participação era fazer o levantamento do interior das lojas. Eu era exatamente usada pelo demônio. Frequentava boates, gastava dinheiro em bobagens e drogas. Em 1982 conheci uma moça que me convidou para ir à igreja que ela frequentava, pois era aniversário do pastor. Fui, mas somente interessada na festa. Lembro-me da pregação do Pastor Edir que dizia "não importa o tamanho do pecado, se você roubou um banco ou uma bala, o pecado é o mesmo perante Deus". Estas palavras atingiram profundamente o meu coração. Ele foi usado pelo ESPIRITO SANTO. Na hora do apelo, em lágrimas, aceitei JESUS como o meu salvador. Foi uma festa. Todas as vezes que o pastor faz aniversário, minha conversão é lembrada com muita alegria. Contudo, na mesma semana da minha conversão, recebi a visita dos integrantes da quadrilha que disseram que não mais me importunariam, se eu fizesse o último assalto com eles.

Sem forças nem bases bíblicas, fui com eles para a Bahia, onde o assalto deu errado. A polícia apareceu e somente eu fui presa. Apesar de ter sido torturada, não revelei os meus comparsas, sendo jogada numa cela vazia e imunda. Naquela situação horrível em meio a lágrimas me conscientizei de que eu não era nada.

Lembrei-me do encontro com JESUS ocorrido dias antes. Foi quando o ESPÍRITO SANTO começou a falar diretamente comigo, ao mesmo tempo que relatava a minha vida através de um "filme" que era passado na parede da cela, mostrando quantas vezes havia me salvo e me dando certeza de que iria me tirar dali. Na minha condição humana, cheguei a duvidar. Pela manhã, porém, vi o milagre acontecer: o telex trazia o "nada consta" no meu nome. Não havia uma única testemunha de acusação. Fui posta em liberdade. Jesus havia aberto as portas da cadeia. Voltei ao Rio de Janeiro e imediatamente procurei o pastor Onaldo que me encaminhou para uma casa de recuperação feminina em Vitória, onde fiquei por seis meses, sendo tratada pelo Espírito Saldo de Deus. Participei de cultos maravilhosos, sendo batizada pelo Espírito Santo. Tive uma cura interior da qual nem médicos e psicólogos conseguiram fazer. Só Jesus. Em seguida passei mais um tempo em Friburgo participando de uma equipe evangelística, trabalhando com viciados.

Regressando ao convívio da família e integrada à igreja, onde sempre fui bem recebida, fiquei sabendo que era portadora do vírus da Aids. Mas creio que pela fé serei curada no tempo certo por Deus. Sei também que tudo isto é resultado dos meus atos inconsequentes, mas creio que o Senhor dará condições pra que eu use essa experiência para pregar, testemunhar e alertar os jovens do perigo do pecado, das más companhias e da necessidade de ficar vigilante para não perder a paz interior que é tão vital para o ser humano.

Na minha opinião, o maior milagre é o da transformação de vidas e cito, como exemplo, a minha.

Tenho plena convicção de meu chamado evangelístico, missionário. Tenho ido a lugares que nunca pensei em ir. Pela graça do Senhor, tenho conseguido muitos frutos. Sinto-me privilegiada. Considero-me uma pessoa feliz. Hoje, praticamente, toda a minha família e vizinhos são evangélicos para honra e glória do Senhor.

Agradeço em nome do Senhor Jesus e coloco-me à disposição para qualquer esclarecimento. "A paz do Senhor é a aninha luz". Isaías 6:6-8.


Eliane Gonzaga dos Santos,
33 anos
membro da Igreja Metodista Wesleyana do Grajaú.


Fonte: Jornal El Shadai, nº2, pág 16, Outubro 92.


Nick Cruz - Filho de Satanás salvo por Jesus Cristo

O que você diria de uma pessoa que teve, como pai, um padre satânico e, como mãe, uma feiticeira? O que diria ainda dessa pessoa que aos oito anos de idade foi rejeitada, porque segundo os pais, era filho de Satanás. É de pirar, não é?

Essa foi a infância de Nick Cruz, sem amor e carinho, transtornado e abandonado, ele tornou-se líder de uma das maiores e mais violentas gangues de rua de Nova Iorque, Estados Unidos.

Envolvido com crimes, assaltos e drogas, Nick Cruz chegou a pensar que não teria mais retorno. Entretanto, a esperança pelo direito de uma vida digna veio após seu encontro com David Wilkerson que lhe devolveu a luz, a serenidade, através de uma única frase: "Nick, Jesus te ama".

A partir deste momento, a vida tortuosa deste homem começou a mudar. Ele ainda podia ser salvo. Ele precisava ser salvo. Ele queria ser salvo... e foi. Ao entregar-se a fé do Senhor, ao receber Cristo, Nick sentiu-se renascer. Os maus tratos da infância haveriam de ser esquecidos e Deus iria ajudá-lo. Nick já não estava mais sozinho.

Com a esperança no peito e com Cristo no coração, Nick deu início a uma nova cruzada: revelar que é possível encontrar o caminho da luz através da fé no Senhor.

Esta é uma história verídica, inclusive relatada pelo próprio Nick quando recentemente veio ao Brasil para uma série de conferências evangélicas.

Apesar de participar de inúmeras palestras e conferências em vários países, Nick Cruz prefere proclamar a palavra de Deus nas ruas, pois, como ele próprio afirma, "é lá que existem as drogas, as ganga e a violência".

Autor de 12 livros, onde aborda diversos assuntos ligados ao Evangelho, Nick tem conhecimento do abandono e morte das crianças de rua no Brasil, assim como dos problemas das drogas, cada vez mais utilizadas pelos jovens. Mas Nick é um homem de esperanças. Ele tem fé e crê que, através de Cristo, essas pessoas possam ser transformadas como ele foi.


Fonte: Jornal El Shadai, nº1, pág 12, Outubro 92.

Testemunho

O caso que vou relatar trata-se de um fato ocorrido já há algum tempo. Quero contá-lo para que os irmãos sintam-se em júbilo comigo através da constatação da verdadeira fé e do poder indiscutível do Espirito Santo.

Lembro-me que eu e minha irmã apesar de não termos sido geradas pelo mesmo pai, éramos muito unidas, principalmente porque fomos abandonadas pela nossa mãe na casa da nossa avó. O pai de Maria Célia que era muito violento não se conformou e raptou minha irmã.

O tempo passou, não havia qualquer notícia da Maria Célia, só a suspeita de que ela teria sido levada para Recife, mas era apenas uma hipótese. Apesar dos anos, sempre conservei a esperança de encontrá-la. Orava intensamente pedindo pra que minha irmã estivesse bem e que um dia Deus nos unisse de novo. Cresci orando pra que isso acontecesse.

Certo dia, conversando com uma moça no ônibus, percebi que ela tinha um sotaque diferente, disse-me que era professora em Recife e que estava de férias no Rio. Senti um aperto no coração e de repente me ouvi perguntando se ela conhecia uma garota chamada Maria Célia. Celi - como essa moça se chamava - respondeu que talvez, o nome não era estranho. Arregalei os olhos, o coração disparou... contei o que havia acontecido na minha infância e Celi prometeu que assim que voltasse pra Recife iria procurar nos fichários da escola, em seguida entraria em contato.

Alguns dias depois, como prometera, Celi escreveu. A carta tremia em minhas mãos. Ela dizia que Maria Célia havia sido aluna dela no primário e que tinha ido no endereço que estava escrito na ficha, localizando minha irmã. Maria Célia vivia com uma senhora que a tratava como uma verdadeira filha. Neste momento, ajoelhei-me e aos prantos chorei de alegria e de alívio, agradecendo a Deus pela bênção obtida.

Viajei uma semana depois. Cheguei em frente a casa que Maria Célia morava. Bati. Ela apareceu. Minha irmã, minha querida irmã abraçou-me com a mesma intensidade que eu. Em seguida, oramos agradecendo a Deus pela graça alcançada. Estávamos juntas e em paz. Deus seja Louvado.

Dê também o seu testemunho à respeito do poder do Espírito Santo em sua vida. Escreva para a nossa redação e teremos o maior prazer em registrar sua benção obtida através da fé em Deus.


Fonte: Jornal El Shadai, nº1, pág 12, Outubro 92.