"Plantemos a semente da paz". Este é o tema da campanha da Junta de Missões Nacionais de 1992. Paz... Uma palavra tão simples, mas que, de uma forma ou de outra, todos desejam ter. Segundo o dicionário da língua portuguesa, paz significa ausência de lutas, sossego, serenidade. Para Junta de Missões, entretanto, paz tem um significado muito maior. Significa Jesus Cristo, semeado nos corações de brasileiros nos mais distantes confins do país.
Esta semeadura começou há muito tempo, em 1907, quando representantes de 39 igrejas, votaram a criação da Junta de Missões Nacionais, durante a Primeira Assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Salvador. Desde o início, o objetivo foi bem estabelecido: coordenar os trabalhos na conquista da Pátria para Cristo. Não só o propósito foi definido com veemência, mas nos anos que se seguiram a estratégia do "plantio" também foi demarcada. A Junta seleciona, envia, sustenta e auxilia os missionários que são mandados para os campos ano após ano.
Nos 85 anos de trabalho, a JMN, apoiada pelas Igrejas Batistas brasileiras, cresceu e se expandiu em várias direções. Tendo o evangelismo como objetivo central, a organização não fechou os olhos para as carências materiais do homem. Sendo assim, foi criado o Ministério Social, que compreende os trabalhos educacionais nos colégios que a Junta mantém, o trabalho indígena, assistência médica, assistência nos menores e aos idosos, trabalhos comunitários, recuperação de viciados e outros.
Atualmente, a JMN possui 212 missionados na evangelização direta; 60, no Ministério Social; 140, nos projetos com as Juntas Estaduais; dois missionários voluntários e dois bivocacionados, que servem a Deus através de suas profissões. No total, a Junta conta com 468 obreiros, no campo e nos trabalhos administrativos em sua sede, no Rio de Janeiro, tendo como secretário executivo, o pastor Ivo Augusto Seita.
PARA SER UM MISSIONÁRIO
O trabalho de um missionário é árduo. Para exercê-lo, a pessoa precisa sentir a chamado de Deus. Mas a preparação para ir para o campo também é necessária e imprescindível. A Junta de Missões Nacionais entra neste ponto como órgão selecionador, verificando as condições físicas e psíquicas de cada futuro missionário para enfrentar as batalhas, que certamente virão.
Segundo Sandra Regina Bellonce, do Departamento de Comunicação Social da JMN, através de campanhas feitas nas igrejas ou diretamente nos seminários, muitas pessoas tem despertado para se unirem à Junta no trabalho do missões. Estas pessoas, a partir desta chamada, são acompanhadas por uma assessoria aos vocacionados, através de correspondência e informações sobre o que é realmente trabalhar nesta causa. Durante este processo, a Assessoria orienta o vocacionado sobre a necessidade de frequentar o Seminário, que é uma condição para ser enviado para a seara.
A partir deste primeiro contato,o aspirante a missionário procura o Departamento de Nomeação da JMN, com uma documentação, que compreende o certificado de conclusão do curso de teologia ou educação religiosa, e uma carta detalhando suas atividades na igreja nos últimos dois anos e sua experiência de conversão e chamada. De posse destes documentos, uma Comissão vai analisá-los, considerando também a indicação do pastor da igreja que o futuro missionário é membro e também cartas de pessoas conhecidas que são contactadas para dar informações confidenciais sobre o candidato.
O processo não para aí. A pessoa é submetida a uma bateria de exames médicos e psíquicos, para se ter uma avaliação completa sobre as condições do futuro obreiro. De acordo com Sandra Regina Bellonce, o campo missionário é uma batalha espiritual e física. O missionário precisa estar muito preparado, pois muitas vezes, ele será mandado para regiões difíceis, onde há muitas adversidades. Por essa razão, a Junta é tão rigorosa neste processo. Para os obreiros que atendem a área de educação, o processo é um pouco diferente. O missionário-professor tem que apresentar diploma registrado no MEC, comprovando sua habilitação para lecionar. Neste campo, é desnecessário o curso de teologia ou educação religiosa. Atualmente, a área de educação tem apresentado uma grande necessidade de pessoal nos colégios batistas e também devido ao novo projeto de construção de UM colégio em Palmas, capital de Tocantins.
Para o trabalho indígena, a Junta também possui várias especificações que se referem a preparação do missionário. É preciso ter o curso de linguística e missiologia, além do curso de sobrevivência na selva. Segundo o Departamento de Comunicação, a Junta tem sido criteriosa na preparação dos obreiros que vão trabalhar com os índios, pois existe a preocupação de levar o evangelho sem cortar os laços com a cultura indígena. Para isso, o missionário tem que conhecer a língua da tribo, alfabetizando o índio na sua própria linguagem e também na língua portuguesa.
Assim, o índio tem condições de receber a Bíblia no seu próprio idioma, conhecendo a Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, mantendo a sua identidade natural.
Outra estratégia que a JMN tem usado com bastante sucesso é utilizar os missionários autóctones, que são índios convertidos ao evangelho que se sentem chamados para levara palavra aos seus irmãos. A Junta tem hoje dois destes missionários-índios trabalhando nas tribos.
PLANTANDO A SEMENTE
Apesar do pique ser em setembro, a campanha para arrecadar recursos para enviara Junta como objetivo de sustentar o trabalho de evangelização nos campos missionários, continua o ano todo.
A Junta de Missões Nacionais estabeleceu como alvo este ano oito bilhões de cruzeiros. Os recursos serão utiliza-dos no sustento dos missionários, no envio de material para o evangelismo, realização dos trabalhos de assistência social, educação e muito mais.
Masa JMN, além de manter o trabalho que já existe, tem como objetivo expandir ainda mais seu campo de ação. Hoje, existem seis mil cidades brasileiras sem trabalho batista e cerca de 103 tribos sequer tem conhecimento de um versículo bíblico traduzido para a sua língua.
A campanha de missões nacionais, além do objetivo de levantar verbas para manter a obra, tem um alvo ainda maior: despertar mais obreiros para trabalhar nos campos missionários. Para a Junta, "Plantar a semente da paz" só é possível através de mãos que se disponham a segurar o arado, pois os recursos Deus nunca deixa de enviar.
A Junta de Missões Nacionais quer, através desta campanha, comover os evangélicos sobre a necessidade deste "plantio", não só nos lugares mais longínquos do país, como nas cidades grandes deste Brasil tão carente de Paz...
Como reagem os jovens evangélicos à própria sexualidade? Apesar dos ensinamentos bíblicos,
como se comportam diante dos apelos do corpo? De que maneira os pastores atenuam os ímpetos
e dúvidas dos jovens membros de suas congregações? Os evangélicos estão mais liberais sexualmente?
Numa época em que a liberdade sexual é estimulada cada vez mais através da mídia, que ajuda a
criar uma suposta imagem de "liberalismo", fica muito difícil para os nossos jovens conviver em meio
a tais conflitos.
Envolvidos por ideias erradas, alguns adolescentes vivem com verdadeiro martírio quando descobrem a
própria sexualidade. Como o problema é comum a idade, é preciso que o jovem seja bem orientado para
melhor enfrentar essa fase tão "delicada".
A sexualidade é bem mais intrínseca do que aparenta, porque o jovem pode não estar preparado para
assumir determinadas responsabilidades. É preciso discernir a realidade desse contexto que tenta criar
a ideia de que liberdade sexual já é um fato plenamente aceito. O que se propõe não é a repressão,
mas a maturidade como forma consciente para desfrutar dos prazeres do corpo sem sentir vergonha ou medo.
Como o assunto é bastante polêmico e pouco esclarecido, o Jornal El Shadai procurou ouvir a opinião de
várias autoridades da comunidade evangélica.
Para o Bispo Paulo Lockmann, da Igreja Metodista do Brasil, não existe liberdade "sexual, existe sim
o que se poderia chamar de libertinagem, que é o resultado da manipulação do sex". Segundo ele,
o que alguns chamam de liberdade sexual é a transformação do sexo num produto de comercialização,
tornando-o uma mercadoria vulgar. Quanto ao jovem evangélico, o Bispo Lockmann menciona que ele faz
parte do mundo, consequentemente também é atingido pela mídia, só que numa proporção menor, até porque
recebe uma formação diferente.
No que se refere a resistir aos apelos do corpo, o Bispo ressalta que é preciso discipliná-lo. Do ponto
de vista bíblico, o Apóstolo Paulo é muito claro quando diz "que somos nascidos por ordem do Espírito
que nos leva a conhecer Deus. Não podemos ser guiados apenas pela carne. Temos que ser guiados por um
ideal maior que é dado pelo Espírito Santo, através da palavra de Deus".
Quanto a masturbação, o Bispo, frisa que é frequente entre os adolescentes, mas isso não significa que
seja lícita e desejável. É preciso reconhecer que a masturbação é uma forma de frustração, porque
mentalmente realiza-se uma relação sexual, mas incompleta, ilícita. O sexo - enfatiza o bispo - tem que
ser um ato entre um homem e uma mulher dentro dos parâmetros bíblicos aceitáveis. Precisamos dar mais
orientação aos nossos jovens para impedir que a masturbação se tome uma fuga. É preciso que eles canalizem
essa energia de forma positiva e construtiva.
Questionado sobre manter relações sexuais antes do casamento, o Bispo Lockmann ressalta que a Congregação
mantém um trabalho de orientação pastoral nesse sentido. "Procuramos educar, orientar pra que isso não aconteça,
mas infelizmente, como em todas as denominações, sempre há um caso ou outro. Praticar o sexo antes do casamento
é um erro tão grande quanto a mentira, a desonestidade e a violência. Mas se acontece, procuramos resgatar a ovelha perdida".
O Bispo inclusive menciona que a Congregação está desenvolvendo um documento chamado "pastoral da Sexualidade",
cujo objetivo é ajudar principalmente os jovens a entender que não se deve ter uma educação de banheiro de escola.
O sexo - ressalta o Bispo - "é uma coisa tão boa dada Por Deus". Os metodistas creem que o sexo não é só para procriação.
Sentir prazer é uma bênção. Acreditamos que o sexo é para a realização do ser humano que não deve ter vergonha de
sentir prazer. Sentir prazer é uma forma de Bênção. O sexo é uma bênção na vida do casal. Lokmann acrescenta que o
sexo deveria ser tratado com menos preconceito, com mais clareza, por isso acha importante que os jovens recebam
educação sobre a vida sexual, principalmente agora com a questão da aids. O Bispo inclusive menciona que os jovens
da igreja não estão totalmente isentos do perigo, mas correm menos riscos do que o pessoal que não tem uma formação cristã.
O Bispo não atribui a aids a um castigo de Deus e sim a um dos sistemas do mundo moderno, inclusive a Bíblia diz
que o "Salário do pecado é a morte". Eu diria que Deus não deseja doenças, calamidades e a pobreza existentes no mundo.
Deus criou o homem para a saúde e prosperidade. Agora existe a doença, a miséria que são frutos do pecado, então afirmo
que a "aids é o resultado do próprio processo de pecados que existe na sociedade". Classifico pecado como desobediência
aos ideais de Deus para o ser humano. Quando se diz que a aids é um castigo de Deus, estamos transferindo para Deus algo
que é da responsabilidade do próprio homem.
Normalmente o que ocorre em um casamento em que ambos não estão se sentindo completos é o adultério. Mas isso é pecado,
os dois estão se enganando. O Bispo diz ainda que é preciso haver honestidade no relacionamento entre um homem e uma mulher,
e isso vale para crentes e não crentes. É necessário haver diálogo, compreensão e companheirismo para enfrentar os problemas
que surgem. É preciso ter Deus no coração para superar as dificuldades. E conveniente acrescentar que o "machismo" é uma
forma de opressão que impede que a relação seja mais a dois, igualitária. O casamento não é pra que apenas um seja feliz.
O casamento é a união, logo é prá que os dois sejam felizes.
Questionado sobre o grande número de casais que vivem maritalmente e são felizes. O Bispo Lockmann responde que eles
seriam bem mais felizes se fossem abençoados por Deus. Quanto ao papel da mulher nos dias atuais, ele diz que não pode
falar de outras congregações, mas na metodista a mulher tem se destacado. A nossa igreja - ressalta o bispo - está muito
aberta ao crescimento do poder feminino. Quase 70 por cento dos membros da metodista são mulheres, e eu até gostaria de
ser substituído não por um bispo e sim por uma episcopisa, e isso é possível na Igreja Metodista. Creio nisso biblicamente,
até porque todos os textos que falam dos dons, dos carismas do Espírito Santo de Deus, nenhum deles diz que o ato de
proclamara palavra de Deus é exclusivo ao homem. O dom de ser pastor é dado tanto ao homem quanto a mulher, conforme o
Espírito de Deus desejar.
Quanto ao aborto, o Bispo Lockmann considera a atitude uma agressão a vida. "A mulher tem direito sobre seu corpo, mas
quando ela está grávida, já não se trata mais dela. Tem outra criatura que tem o direito de nascer, até porque não foi
consultada se queria viver ou não. A vida - enfatiza o Bispo - é um direito intocável dado por Deus e isso tem que ser respeitado.
O que está faltando a juventude? O temor a Deus. Creio que sem Jesus Cristo não há solução para o mundo. Pra mim, Jesus é vida. Vida boa e feliz é o que eu receito para todas as pessoas, principalmente para os mais jovens.
Já o Presidente da Associação Missionária Maranata, Paulo César Brito, menciona que o sexo foi instituído por Deus para a multiplicação da espécie e para o deleite do homem e da mulher. A Bíblia diz que o "homem deve se deleitar com a mulher da sua juventude". O líder da Congregação Maranata acrescenta que Deus na sua infinita sabedoria criou o homem e a mulher, instituindo a família que é a base de toda a sociedade. A família tem direitos e deveres. Um desses direitos é o prazer entre um homem e uma mulher, quando ambos tornam-se uma "só carne". Mas esses direitos apontam para deveres, porque uma das conseqüências do sexo é o nascimento das crianças que precisam estar protegidas por uma instituição estável, por um relacionamento duradouro. Com isso, a Bíblia ensina que o "homem precisa ser fiel a sua esposa e vice-versa". Nisso se baseia uma sociedade de padrões cristãos, porque o AMOR PRESSUPÕE A FIDELIDADE.
Paulo César Brito, apesar de considerar a liberdade sexual menos hipócrita do que o falso moralismo, afirma que ambos estão errados. O importante é buscar a verdade que é "amar e ser fiel". É possível que em dado momento a fidelidade seja perdida, porque a Bíblia diz "que não é preciso praticar o ato em si para cometer o adultério". Para Deus o adultério se estabelece no coração e não na cama.
Quanto a relação ex-conjugal no meio evangélico. Paulo César Brito menciona que "a igreja deveria ser mais hospital do que matadouro. Por outro lado, também "não pode servir para acoitar, dar guarida a pessoas que não tem a mesma visão e propósitos. Em relação aos apelos do corpo, o Pastor ressalta que é uma fase muito difícil e somente os jovens que tiveram um verdadeiro encontro com Jesus passaram por esse período "intocáveis". O pastor revela que ele mesmo teve alguns momentos de "deslizes" na juventude, que não seguiu uma conduta cristã conforme a palavra de Deus. Mas ainda bem que ele é o Deus da Misericórdia e que perdoa quando realmente estamos arrependidos. A atual juventude está passando por apelos desleais. A mídia, a propaganda, a própria cultura incentivam a prática da liberdade sexual.
Questionado sobre há onde está escrito na Bíblia que é proibido fazer sexo antes do casamento, Paulo Brito responde que em todos os momentos em que o Livro Sagrado combate a impureza e a lascívia. Quanto a masturbação, a mensagem de Jesus é pra que sejamos puros no coração. Pra se masturbar, é preciso que a pessoa faça da mente uma fornalha de sonhos, ideias e divagações para que se possa ter todo o clima erótico.
Como líder de uma igreja que 80 por cento é composta por jovens, eu tenho tentado passar pra eles que é possível esperar. É preciso aguardar o momento certo. Por isso eu creio e estou convencido que o jovem evangélico deve casar cedo. O verdadeiro casamento - acrescenta Paulo Brito - tem como fundamento a união do corpo, da mente e do espírito. Quando isso acontece justifica-se o sexo.
Questionado sobre relações sexuais antes do casamento, Paulo Brito frisa que em toda igreja com centenas de jovens sempre existe um caso desse tipo para a tristeza dos pastores, que somente ficam sabendo, quando o fato está consumado, ou seja, a gravidez. Por isso presunto que existam casos sem gravidez que os líderes das igrejas não tomam conhecimento. E lastimável porque evidencia que a pessoa não está se-guindo os mandamentos do Senhor com integridade e integralidade. Quanto a aulas de orientação sexual na adolescência, não considero uma boa ideia. Acho que as aulas devem ser dadas para noivos e recém-casados.
Se após o casamento é permitido tudo? É bom que se entenda que a relação sexual tem que ter um objetivo. O homem deixa de "ser dono de seu corpo e a sua esposa passa a ser dona do corpo dele" e vice-versa. Isso significa que eles não serão mais dois e sim uma "só carne".
O povo de Deus condena o sexo anal
Todo aquele jogo idílico que o casal desenvolve no sentido das estimulações mútuas não deve ser considerado nojento, maligno ou pecaminoso. A relação deve acontecer de uma maneira romântica, criativa e limpa.
Os conceitos de que sexo é pecado e que mulher direita não deve demonstrar prazer estão errados. Por isso algumas mulheres são muito serciadas nas suas demonstrações de carinho. Espero que isso esteja mudando com a educação, através de cursos para casais. É importante -frisa Paulo Brito - que o esclarecimento parta dos próprios líderes evangélicos. Mas existe um detalhe, é preciso que os casais evitem determinadas coisas, porque na liberdade do jogo idílico existem certas variantes consideradas abomináveis. A Bíblia menciona numa das epístolas de Paulo "de homens que mudaram a forma natural do uso de suas mulheres" e isso ao meu ver se refere especificamente ao sexo anal.
A Bíblia condena o sexo anal. Quando os casais agem desta maneira existe a possibilidade de fissuras e doenças anais. Por isso está provado que a transmissão da aids é bem mais intensa através dessa variante, do que pelo relacionamento normal entre um homem e uma mulher. Pra isso é preciso diferenciar o jogo idílico de um possível desvio, deturpação.
Nós o povo de Deus não aceitamos o sexo anal. A nosso ver, isso é sodomia, tara e não é nada higiênico. Não precisa ser evangélico para entendera óbvio, a repulsa que a maioria das mulheres tem pelo ato em si. É claro que existem algumas que já estão "viciadas", mas serão sempre exceções.
Quanto aos jovens, eu aconselho que sejam firmes e evitem determinadas situações que poderão acarretar sérias conseqüências. É preciso aproveitar o tempo de namoro para se conhecer melhor, saber dos planos, sonhos e ideias um do outro. O namoro - segundo o Presidente da Igreja Missionária Maranata - deve ser de "poucos momentos solitários e muitos momentos sociais". As carícias devem ter seus limites. Paulo César Brito diz que com base nesses princípios certamente o casamento terá condições de ser duradouro, mas jamais se deve esquecer que existe Jesus Cristo. Não podemos esquecer que ele resolve as nossas ânsias e ajuda a encontrar soluções para os nossos problemas.
Para o Pastor-Presidente da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro Reverendo Guilhermino Cunha, o sexo foi criado por Deus. É bom e tem um tríplice aspecto a luz da Bíblia da razão, da ética e da moral cristã: visa a procriação, a perpetuação da espécie e a um companheirismo duradouro, responsável e consciente. O sexo também é unta bênção em termos de prazer, e o prazer é uma forma de compensação dada por Deus as lutas e lutos que nós seres humanos passamos. O sexo não deve ser exercido apenas com base no instinto, senão seríamos apenas animais. Ele é feito também na base da inteligência, da razão e de uma comunhão de amor.
Devemos exercer a sexualidade dentro do plano de Deus. A sua bênção é o vínculo que cria responsabilidades, que é a aliança entre um homem e uma mulher.
Quanto aos apelos do corpo? Eu diria que os jovens devem resistir. É preciso canalizar toda a energia física e mental para algo mais criativo, bom e agradável diante de Deus. O Reverendo Guilhermino Cunha explica que a prática da masturbação está ligada à própria descoberta do sexo. É muito comum quando o adolescente está entrando na puberdade, afinal ele está descobrindo o próprio corpo.
O Reverendo acredita que os pais, pastores e educadores ao invés de reprimir, devem educar os filhos conversando abertamente sobre suas necessidade físicas, emocionais e espirituais. É preciso que haja uma orientação nesse sentido para que o aprendizado do sexo não aconteça de maneira perversa e prejudicial. "A família - ao meu ver - não deve abrir mão da responsabilidade de transmitir as noções sobre procriação, puberdade e as necessidades sexuais. Mas eu acho também que a igreja deve ter uma palavra a dizer sobre a benção que Deus criou que é a sexualidade", disse o Reverendo.
O Reverendo Guilhermino Cunha diz ainda que os professores que dão orientação sexual devem ser equilibrados emocionalmente, cristãos e éticos. Porque quem teve uma má formação ou deformação finda passando para os outros uma ideia de liberação que é fruto muito mais de suas frustrações do que de convicções.
Quanto ao sexo antes do casamento? Eu diria que não é muito comum, mas pode acontecer em qualquer igreja, em qualquer família por melhor que seja a formação. Quando me deparo com um caso desses, a minha orientação pastoral é realizar uma cerimônia simples, discreta pra mostrar que a pessoa não agiu de maneira correta. Se chega ao conhecimento do Conselho, normalmente a tendência é suspender a pessoa da comunhão ou as vezes até excluir. Eu tenho evitado isso, mas tiro alguns privilégios como cargos, participação etc.
Considero a aids o mal do século. Talvez das doenças seja a mais perversa. Eu costumo dizer que a aids mata três vezes: fisicamente, porque não tem cura; emocionalmente, porque cria o fenômeno de rejeição; e espiritualmente porque quase sempre associa-se a aids a um castigo divino. A pessoa acha que está com aids porque pecou, já que o "salário do pecado é a morte". Só que o versículo não termina assim, porque "o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus". "Se é verdade que a aids mata, Cristo cura. Cristo liberta". O Reverendo Guilhermino Cunha diz que é preciso agir com serenidade, mas com seriedade em relação a essa doença que é a aids. E preciso dar amor e assistência espiritual ao aidético e a sua família.
Quem ama não trai
Quanto a virgindade, o Reverendo Guilhermino Cunha diz que o ato não se resume em tirar o hímen, porque também existe a pureza emocional, espiritual e o conceito de dignidade. É preciso, também, que haja fidelidade entre um casal, porque quem ama não trai.
O Líder da Catedral Presbiteriana recomenda que os jovens pensem em coisas boas, honradas. Eu aconselho que amem muito, porque o amor não faz mal. Que troquem carícias, mas dentro dos limites. E quando sentir aquele amor que é tão forte quanto a morte, além da certeza de que "as grandes águas não apagarão um grande amor e os rios não submergirão de maneira alguma" tenha certeza de que obteve uma bênção de Deus.
Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, páginas 6 e 7.
A música cristã tem "algo novo", o quê? O Grupo Ruama. Formado por Hervê Rosa, Paulo César,
Marcos Perez e Edilson Maia, o Grupo Ruama que em hebraico significa "agraciados do Senhor"
toca do rock ao reggae, mas sempre em cima da harmonia vocal.
O Grupo que é de São Gonçalo recentemente completou 3 anos em clima de muita satisfação,
principalmente porque o primeiro disco "Algo Novo" tem sido bem aceito pelo público.
Hervê Rosa, inclusive, revela que está um pouco admirado com a receptividade imediata do LP.
Ele diz, ainda, que o Ruama tem feito inúmeras apresentações, sendo possível constatar o
carinho da platéia que canta ao som dos mais variados estilos.
Quanto ao mercado fonográfico, Hervê menciona que é promissor, mas ressalta que, no atual
momento, a música evangélica atravessa uma grande crise de identidade. O músico explica que
existem os grupos tradicionais, os mais avivados e o pessoal que leva um som mais progressivo.
Essa diversificação musical está mexendo com a cabeça do povo evangélico, enfatiza Hervê.
O cantor ressalta que os grupos mais roqueiros sofrem uma certa discriminação, mas também
acredita que tudo é uma questão de tempo. Ele menciona que nos Estados Unidos, qualquer
rádio toca música evangélica, inclusive os grandes músicos norte-americanos cantam hinos
durante as apresentações e não sofrem qualquer tipo de discriminação.
O Ruama que conta com o apoio da versátil banda formada por Rogerinho (bateria);
Alexandre (teclado); Ismael (guitarra) e Budica, revela em suas apresentações porque
foi escolhido pela crítica como o grupo revelação de 1992. Hervê finaliza dizendo que a
principal meta dos "agraciados do Senhor" agora é trabalhar o lançamento do LP "Algo Mais",
previsto para novembro.
O dia 29 de setembro de 1992 vai ficar na memória de todos os brasileiros, principalmente daqueles
que participaram de maneira decisiva para o impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello.
Para o Deputado Federal, Arolde de Oliveira, do PFL, o momento do "sim" ao afastamento do Presidente
da República foi de muita emoção. O Brasil, segundo Arolde, perdeu dois anos e meio em consequência
da ação corrupta daquele que foi eleito por 35 milhões de votos.
Após anos do Regime Militar, quando o povo teve a oportunidade de eleger um Presidente, ficou constatado
que os brasileiros foram enganados pelo falso discurso de Fernando Collor. Houve uma frustração social,
uma rejeição coletiva, enfatiza o Deputado. As autoridades, entretanto, ouviram os apelos do povo que foi
as ruas pedir o afastamento do Presidente Collor, e o impeachment aconteceu com base em trâmites legais.
Os três Poderes se fizeram presentes correspondendo as expectativas da Nação.
Quanto a moralidade no país, Arolde diz que é uma questão social, ressaltando que é preciso estar atento
ao famoso "jeitinho brasileiro". Não se deve considerá-lo como uma virtude nacional, adverte o Deputado.
Arolde de Oliveira menciona ainda que estamos vivendo um momento de ansiedade. É preciso aguardar os rumos
que o Brasil vai tomar com o governo interino de Itamar Franco. É fundamental ter consciência da necessidade
do Brasil manter-se no programa de modernização e sua participação ativa no Mercado Internacional. Diz Arolde.
Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 5.
O CRISTÃO E A POLÍTICA
O irmão que escreve essa carta pede para não ser identificado. Ele é presidiário do Esmeraldino
Bandeira e quer saber do Deputado Arolde de Oliveira se tem direito a condicional, uma vez que já cumpriu
3 anos e 5 meses de uma pena de 4 anos.
Arolde de Oliveira explica que como quase a totalidade da pena já foi concluída é bem
possível que se possa conseguir uma condicional. Mas, para que isso aconteça é preciso que você torne a
escrever, mencionando em que artigo do Código Penal foi enquadrado e o número de registro. Mediante tais
dados, o caso será averiguado com o maior empenho.
Maria da Conceição que é moradora em Itaboraí quer saber se os jovens são obrigados a fazer educação
física nas escolas.
O Deputado responde que a educação física é uma disciplina como qualquer outra dentro do currículo escolar.
O que não é obrigatório é a prática de esportes.
O Jornal El Shadai através de "O Cristão e a Política" orienta os leitores nos mais diversos
assuntos. Direitos trabalhistas, orientação jurídica e outros. Em caso de dúvida, escreva para a nossa redação.
Caixa Postal 3322 - Centro - Rio de Janeiro.
Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 5.
Ary Coslov é um dos veteranos de televisão. Já participou de inúmeras novelas,
interpretou diversos personagens no teatro e atualmente junto com José Carlos Pieeri
é um dos diretores de um curso para atores de televisão.
Conversando com Ary Coslov, é possível constatar a satisfação desse homem que tenta
passar para os inúmeros jovens sua experiência de se "expor" a câmera. Ele explica que
o curso tem como objetivo facilitar o desempenho dramático do jovem ator, já que muitos
são frutos do teatro e alguns sentem-se inibidos diante da câmera.
Ary Coslov conta para o Jornal El Shadai que "está dando um tempo" em televisão, apesar
da Manchete estar reprisando a comédia "Tamanho Família" um de seus últimos trabalhos em
tevê. Sobre teatro, menciona que dirigiu dois espetáculos, inclusive um sobre "Álvares de
Azevedo", chamado "Idéias Íntimas". Correndo atrás de patrocínio, revela que ano que vem
pretende montar a primeira peça escrita por Rubem Fonseca, especialmente para o teatro,
por coincidência sobre Álvares de Azevedo, "Os últimos momentos de vida do poeta".
Ele diz ainda que ganhou um prêmio, há dois anos em Cuba, num festival de televisão pela
melhor produção musical sobre Milton Nascimento. Sobre a crise política no país menciona
que a maioria dos brasileiros desejava o impeachment do Presidente Fernando Collor. O maior
"barato" desse momento que a gente está vivendo é o acordar da juventude que não se manifestava
há anos. De repente toma-se conhecimento desses jovens que estão querendo se integrar a vida
política e social do país. "Eu só espero que o Brasil saia moralmente fortalecido desse episódio.
Que a moral a ética voltem a vigorar e que os políticos sirvam ao povo que é basicamente a
função deles", enfatiza.
Sobre a atual situação do teatro no Brasil, Ary Coslov diz que a recessão tem afetado a cultura,
mas o problema não é recente. Ele ressalta que desde a época do regime militar, as autoridades
nunca se preocuparam em realizar um projeto cultural, com o agravamento da crise econômica a
situação ficou mais crítica.
Ele menciona, ainda, que o pessoal de teatro tem muita dificuldade em conseguir patrocinadores
e com o governo não se pode contar. Atualmente, duas ou três empresas ainda "dão uma força",
mas é preciso "batalhar muito". A impressão que se tem é que a cultura passou a ser secundária,
desabafa.
Mas apesar de tudo, Ary Coslov, como todo artista, sabe que "o show não deve parar" e recomenda
aos jovens que desejam seguir a carreira cênica que tenham muita disciplina, determinação e principalmente
talento porque o mercado de trabalho é muito restrito. É preciso ter confiança em si mesmo porque é uma
carreira muito competitiva.
Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 3.
Eles não fazem o estilo heavy metal. Não mostram a língua, nem usam drogas.
Mas uma coisa é certa, lotam qualquer lugar em que se apresentam. Quem? O Rebanhão.
O grupo musical evangélico há anos vem trilhando um caminho de sucesso. É claro que
nesse meio tempo, o Rebanhão já sofreu algumas mudanças na sua formação, mas a essência,
a palavra do "Deus Vivo" continua em cada novo trabalho, feito por Pedro Braconnot e
Paulo Marotta, fundadores da banda.
O Rebanhão é apontado por todos como o precursor da moderna música evangélica.
O pioneirismo do grupo se deve ao fato dele ter sido o primeiro conjunto a proclamar
a palavra de DEUS através do som pop, até então inexistente nas tradicionais canções
evangélicas.
Nas letras de suas músicas, protestam contra a violência e o materialismo, apontando
"JESUS" como a solução e o caminho para o alcance da paz interior.
O grupo que já se encontra no sétimo LP, o mais recente "Pé na Estrada", não sabe
precisar quantos discos foram vendidos até hoje, nem quanto isso representa em termos financeiros.
Segundo eles, o objetivo principal do disco é transmitir paz e alegria, abençoando a vida das pessoas.
O grupo tem viajado bastante, fazendo apresentações em diversos Estados, uma verdadeira maratona
musical evangélica. Mas o pessoal do Rebanhão, sempre que possível, encontra um tempo para estar em
comunhão coma igreja, participando do louvor.
Essa é a trajetória do Rebanhão que canta e louva a fé no Senhor botando o "pé na estrada".
Fonte: Jornal El Shadai nº 1, Outubro 1992, página 3.