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sexta-feira, 9 de outubro de 1992

O medo de dizer "não"

Se você é do tipo de pessoa que constantemente diz "sim", mesmo contra a vontade, saiba que não é a única. Existem dezenas de pessoas que, mesmo se violentando, acabam por dizer "sim", quando na realidade gostariam de falar "não". Mas o que leva a esse comportamento. Medo? Insegurança? Falta de personalidade? É possível que todos esses itens juntos.

O fato é que, normalmente, a pessoa que age desta maneira, está preocupada em agradar, ela precisa ser aceita, mesmo que isso represente abdicar dos seus próprios interesses em função do outro. O medo de ser rejeitada é tamanho que finda concordado.

É claro que todos nós já passamos por situações que devido a educação, ou talvés ao próprio conformismo, tenhamos feito o que na realidade não queríamos, como perder a hora do almoço porque a colega de trabalho saiu pra resolver problemas "pessoais". Ou quem sabe como daquela vez que tudo já estava combinado para "pegar" um cineminha com os amigos após o trabalho e justamente nesse dia o "patrão pede para comprar um presente prá esposa".

Pois é, de uma maneira ou de outra, em situações idênticas ou não, fato é que todos já passamos por tais circunstâncias. Alguns com o tempo conseguiram se livrar do estigma do "sim", outros continuam se anulando até hoje.

Amor condicionado ao comportamento

Segundo a psicóloga e psicanalista Elizabeth de Albuquerque Lima de Araújo, do Centro Médico Barão de Lucena, o problema do "Sim" é decorrente da infância. Muitos pais insistem na tradicional frase "se você não fizer como estou mandando, eu não gosto mais de você".

Essa atitude, como se verifica, implica no amor condicionado ao comportamento. Fica rotulado que se as coisas não forem feitas de acordo como foi pedido, então "não serei aceito", logo, "não serei amado".

Criada com o esteriótipo de concordar sempre, transgredir nunca, é possível que essa criança tenha dificuldades de dizer "não" na sua vida adulta, sentindo-se anulado todas as vezes em que tenha que tomar uma decisão.

A doutora Elizabeth ressalta que o fundamental é educar sem bloquear. Os pais precisam ter consciência de que é importante ensinar as crianças a dizer "sim", mas falar "não" também tem sua importância. Afinal, "não" tem porque viver agradando aos outros em detrimento de si mesmo. Portanto, pronuncie esse "Não" que está na ponta da língua.

Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 9.