domingo, 26 de novembro de 2006

Mundo evangélico expande os seus negócios

por MÔNICA MAIA

Deus não morreu. Está criando uma infinidade de pequenas igrejas e grandes negócios no mundo evangélico. Um universo em expansão semanal, com a inauguração de cinco igrejas a cada dia útil no Grande Rio, segundo o Censo Institucional Evangélico do Instituto de Estudos da Religião (Iser), que detectou 85 novas correntes pentecostais e 3.797 instituições evangélicas na Região Metropolitana. Elas geram produtos e serviços para mais de 1,5 milhão de fiéis _ parte dos 22 milhões do rebanho de crentes que figura no último censo do IBGE.

Os evangélicos parecem ter descoberto o milagre da multiplicação dos fiéis. ´´É um crescimento assombroso, que dobrou em uma década. Em 80, os evangélicos eram 6% da população e, em 91, chegaram a 12%, criando uma cultura própria``, analisa o sociólogo e pastor metodista Jorge Luís Domingues do Iser. A cultura paralela que inspira templos, meios de comunicação, música, literatura especializada, grifes de roupas esportivas, cursos de inglês através da Bíblia e até bares evangélicos, também movimenta a economia fluminense.

Ramificações - São 20 jornais, 38 livrarias, 45 editoras e gráficas, oito gravadoras e distribuidoras de discos, 30 vídeo locadoras e distribuidoras de vídeos, duas emissoras de TV e 12 de rádio transmitindo 295 programas em um total de 16.780 minutos por semana. O estereótipo do crente Bispo Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus _ a que mais cresce, com 700 templos no país e ramificações nos EUA, Portugal, Argentina, Colômbia e Angola _ vai dando lugar a uma nova casta de pequenos e médios empresários do ramo evangélico.

A cantora batista Marina Oliveira, de 31 anos, é uma espécie de Carly Simon evangélica, com seis discos no currículo e pós-graduação na Christian Broadcast Network, uma rede evangélica americana a cabo para 15 países. Ela coordena um pequeno império da mídia religiosa. É filha do deputado federal Arold de Oliveira (PFL), sócio da rádio FM El Shadai, do jornal mensal de mesmo nome e da MK produtora e gravadora, com 11 artistas e mão-de-obra predominantemente evangélicos. Marina professa uma fé inabalável na difusão dos negócios ligados à divulgação da palavra de Cristo.

Sucesso - "É um mercado em franco desenvolvimento e a mídia só faz aumentar esse ritmo. Mas estamos pelo menos 20 anos atrasados em relação aos Estados Unidos onde os cantores evangélicos disputam o hit parade com clássicos da música", conta Marina que já vendeu 100 mil cópias de seu LP Imenso amor. A rádio El Shadai prospera ao sabor dessa moda evangélica. "A nossa cobertura, segundo o Ibope, chega a 386 mil ouvintes por mês", comemora. A tiragem do jornal, que era de cinco mil exemplares por mês passará para algo entre oito e dez mil.

A versatilidade da fé pode se manifestar também em métodos como o Sheffield, curso de inglês através da Bíblia, que está nas ondas das rádios evangélicas. O crédito do lançamento é do professor Walmy Figueiredo, que o trouxe para o Brasil há um ano.

Fonte: Jornal do Brasil, pág 27, 18/07/1993

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