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quinta-feira, 15 de outubro de 1992

A vitória dos caras-pintadas

O Jornal do Brasil de 3 outubro último, publicou importante matéria do analista político VILLAS-BOAS CORREA, com o título acima, discorrendo sobre a atuação dos jovens brasileiros que invadiram as principais ruas das capitais do país, quando da tramitação da autorização do processo de impeachment pela Câmara de Deputados.

Os jovens que protestavam nas praças públicas logo foram identificados como "os caras-pintadas". O articulista diz: "A juventude foi a dona e o melhor da festa. Nada a igualou na pureza do impulso generoso, na gratuidade da invasão instantânea das ruas, na ocupação dos espaços vazios pela deserção da esperança..." - muitos declararam que os jovens da geração que vivia alienada, finalmente se despertaram para o exercício da cidadania.

Deixando de lado o aspecto político de tal mobilização, desejo alinhar alguns pensamentos sobre as lições espirituais que o movimento "caras-pintadas" nos proporciona:

PRIMEIRO: A força da juventude; e é exatamente isso que constatamos em nossas Igrejas, Associações, Convenções e em todas as denominações. Aliás, o próprio veterano João já declarava: "Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno" (I Jo.2:14). Precisamos abrir espaço para que os nossos jovens possam ocupar o seu lugar no Reino de Deus, neste tempo. Tenho ouvido de muitos jovens reclamações e até frustrações, pelo fato de muitas vezes não serem reconhecidos.

SEGUNDO: No movimento em tela, um outro aspecto a considerar foi a cooperação, sem a qual não existiria mobilização e impacto de proporção gigantesca. Cooperação deve caracterizar os evangélicos no Brasil, afinal a Bíblia nos diz: "que somos cooperadores de Deus" (I Cor. 3: 9a). A palavra cooperação vem do latim COOPERATIONE, que significa "o ato ou efeito de cooperar", o mesmo sentido é empregado a outras palavras tais como: cooperativa e cooperativismo. Neste tempo, Deus requer do seu povo cooperação mútua e isso só acontecerá no momento que, sem deixarmos de lado os nossos princípios, nos unirmos pelos "laços do amor".

TERCEIRO: Os caras-pintadas não desejavam se esconder atrás das pinturas, antes manifestavam repúdio diante dos fatos que se apresentavam e queriam que o quadro se revertesse. Na vida cristã, se desejamos que a situação se reverta, se queremos que vidas sejam transformadas, que a Igreja seja edificada e que o verdadeiro avivamento aconteça em nosso meio, se faz mister que andemos de cara descoberta- sem máscaras nem maquiagem, sem retoques. A Bíblia diz: "Mas todos nós com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (II Cor.3:18). Na esfera espiritual, a transformação acontece através dos "caras-descobertas", que, submissos à ação do Espírito Santo, refletem a glória do Senhor. Amém.

VITOR HUGO MENDES DE SÁ
Pastor - Presidente da Primeira Igreja Batista de Lins,
Diretor do Ministério ORE - Ondas Radiofônicas Evangélicas.


Fonte: Jornal El Shadai, nº2, pág 2, Outubro 92.


quinta-feira, 1 de outubro de 1992

Editorial El Shadai Outubro 1992

por Felipe Barreto

O que o Brasil esperava aconteceu. O Fernando Collor foi destituído da Presidência da Republica. Após sucessivas denúncias,ficou constatado que o Chefe de Governo tinha sua parcela de culpa nesse emaranhado de corrupção que abalou e estreceu a Nação, a tal ponto que a Justiça saiu da eterna inércia, brandindo sua espada.

Nos últimos meses, o dia a dia dos brasileiros foi preenchido de escândalos vindos do Planalto. Enquanto a Nação padecia com a crise econômica, milhares de dólares eram depositados em contas fantasmas, beneficiando os inúmeros corruptos.

O impeachment já era esperado. Depois de tantas injustiças praticadas contra o povo brasileiro, que há muito sofre as consequência dos que manipulam o poder em benefício próprio, a "Pátria amada idolatrada for salva..."

O povo foi as ruas e o grito "entalado" na garganta de todos os brasileiros ecoou; revelando que "os filhos teus não fogem a luta". Os jovens fizeram presentes e mostraram "sua cara". Rostos pintados em protesto contra a atitude daquele que se dizia a favor dos descamisados, desfilaram pelas principais ruas da cidade quase que diariamente em manifestações e passeatas pelo afastamento do falso "caçador de marajás".

O movimento pela Ética e pela Moral uniu vários segmentos da sociedade, líderes partidários e todos aqueles que se sentiam ultrajados pela pela ação corrupta de Fernando Collor.

A democracia se fez presente. Vivemos una momento histórico a lucidez da Justiça. O povo venceu.

Vexame, após vexame, Fernando Collor com certeza não esperava esse fim para a sua mais indadosa aventura de Indiana Jones. Agera é torcer pra que, a partir desse momento, a moralidade se implante de vez em nosso país. Que o caso Fernando Collor tenha servido de exemplo nas eleições de três de outubro. Que todos os brasileiros tenham votado com consciência, não se deixando engabelar por novas promessas. Chegou a hora do "Gigante" levantar do "berço esplêndido". Acorda Brasil.


Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 2.

Arolde de Oliveira diz "sim" ao impeachment do Presidente Collor.

O dia 29 de setembro de 1992 vai ficar na memória de todos os brasileiros, principalmente daqueles que participaram de maneira decisiva para o impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello. Para o Deputado Federal, Arolde de Oliveira, do PFL, o momento do "sim" ao afastamento do Presidente da República foi de muita emoção. O Brasil, segundo Arolde, perdeu dois anos e meio em consequência da ação corrupta daquele que foi eleito por 35 milhões de votos.

Após anos do Regime Militar, quando o povo teve a oportunidade de eleger um Presidente, ficou constatado que os brasileiros foram enganados pelo falso discurso de Fernando Collor. Houve uma frustração social, uma rejeição coletiva, enfatiza o Deputado. As autoridades, entretanto, ouviram os apelos do povo que foi as ruas pedir o afastamento do Presidente Collor, e o impeachment aconteceu com base em trâmites legais. Os três Poderes se fizeram presentes correspondendo as expectativas da Nação.

Quanto a moralidade no país, Arolde diz que é uma questão social, ressaltando que é preciso estar atento ao famoso "jeitinho brasileiro". Não se deve considerá-lo como uma virtude nacional, adverte o Deputado. Arolde de Oliveira menciona ainda que estamos vivendo um momento de ansiedade. É preciso aguardar os rumos que o Brasil vai tomar com o governo interino de Itamar Franco. É fundamental ter consciência da necessidade do Brasil manter-se no programa de modernização e sua participação ativa no Mercado Internacional. Diz Arolde.

Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 5.


O CRISTÃO E A POLÍTICA

O irmão que escreve essa carta pede para não ser identificado. Ele é presidiário do Esmeraldino Bandeira e quer saber do Deputado Arolde de Oliveira se tem direito a condicional, uma vez que já cumpriu 3 anos e 5 meses de uma pena de 4 anos.

Arolde de Oliveira explica que como quase a totalidade da pena já foi concluída é bem possível que se possa conseguir uma condicional. Mas, para que isso aconteça é preciso que você torne a escrever, mencionando em que artigo do Código Penal foi enquadrado e o número de registro. Mediante tais dados, o caso será averiguado com o maior empenho.

Maria da Conceição que é moradora em Itaboraí quer saber se os jovens são obrigados a fazer educação física nas escolas.

O Deputado responde que a educação física é uma disciplina como qualquer outra dentro do currículo escolar. O que não é obrigatório é a prática de esportes.

O Jornal El Shadai através de "O Cristão e a Política" orienta os leitores nos mais diversos assuntos. Direitos trabalhistas, orientação jurídica e outros. Em caso de dúvida, escreva para a nossa redação. Caixa Postal 3322 - Centro - Rio de Janeiro.

Fonte: Jornal El Shadai, nº 1, Outubro de 1992, página 5.