Filmes apocalípticos tentam mostrar
o fim dos dias — e lucrar com isso
FOTOS: Providence Entertaiment, Universal Pictures e Cloud Ten Produtions
Mesmo que o ano 2000 não tenha sido o fim do mundo como sabemos, Hollywood parece ter desenvolvido um fascínio pelo tema e os magnatas da indústria cinematográfica estão trazendo isso para o cinema. Filmes apocalípticos vão de grandes sucessos, com atores famosos, a filmes independentes que entram pela porta de trás dos cinemas. "Acho que isso é, com certeza, uma forte tendência para os próximos anos", diz Barbara Nicolose, diretora do Act I/ Escrevendo para Hollywood, um programa de treinamento de um mês para roteiristas da comunidade cristã. "Isto é algo que todos temos em comum.
Acho que uma das razões pela qual Hollywood é fascinada pelo futuro seja porque não precisamos apenas imaginar o que irá aparecer, mas também mostrar às pessoas. Não acho que isso seja algo novo ou diferente, mas agora as pessoas estão procurando um sentido, então, Hollywood está contribuindo neste aspecto."
Parte disso começou no ano passado, quando Código Ômega, um filme de baixo orçamento, ficou em décimo lugar no primeiro fim de semana de lançamento (15 de outubro) contra Clube da Luta, The Story of Us, e com filmes como Double Jeopardy, Beleza Americana e Três Reis. Depois de seis semanas, ainda estava entre os 20 maiores sucessos de bilheteria e tinha um lucro bruto de mais de 10,2 milhões de dólares. Esse filme foi um casamento improvável entre Trinity Broadcast Network – que contribuiu com a maior parte gasta nesta produção de 7,5 milhões de dólares – e os atores Michael Ironside (Top Gun, Starship Troopers), Michael York (Os Três Mosqueteiros, Austin Powers), Casper Van Dien (Starship Troopers, Tarzan e Cidade Perdida) e Catherine Oxenburg (Dinastia). O filme é sobre um magnata da mídia (York), que quer conquistar o mundo decifrando antigos códigos da Bíblia, desafiado por um professor de religião (Van Dien), que recebeu muita atenção da mídia.
"O sucesso do filme é muito emocionante", diz o roteirista de Código Ômega, Stephen Blenn, 28, que lembrou ter encontrado uma resistência significante em Hollywood para desenvolver o projeto – até que ele ganhou dinheiro e chamou a atenção do The New York Times, do The Wall Street Journal e do USA Today. "O sucesso deste filme irá, possivelmente, abrir portas para mais projetos de visão cristã e produtores cristãos, além de aumentar as expectativas até que o estigma cristão não seja mais assunto."
Outras novidades apocalípticas: Arnold Schwarzenegger, em seu filme de maior orçamento, Fim dos Dias, que foi lançado em 24 de novembro nos EUA e ficou em terceiro lugar entre os sucessos de bilheteria. No filme, Schwarzenegger faz o herói, Jericho Cane, que luta contra o mau apocalíptico e precisa trazer de volta a fé para vencer.
Em breve, virão os filmes apocalípticos Tribulation, escrito e produzido pelos canadenses Peter e Paul LaLonde e, em sua versão para o cinema do livro de muito sucesso, Left Behind.
Com lançamento esperado para este mês nos EUA, Tribulation – assim como Código Ômega – tem atores conhecidos (Gary Busey, Margot Kidder, Howie Mandei e Nick Mancuso). O thriller de 9 milhões de dólares começa com Busey em coma, que acorda três anos depois em um mundo de autoproclamação messiânica.
Os irmãos LaLondes já fazem sucesso com dois filmes lançados apenas em vídeo: Apocalypse e Revelation (o primeiro foi lançado em fevereiro de 1998 e ficou 89 semanas na lista dos 50 Melhores Filmes Cristãos; o segundo foi lançado um ano depois e ficou 88 semanas na mesma lista).
Sabe-se pouco sobre o filme Left-Behind. Sabe-se que ele será produzido pela mesma companhia que está por trás de Tribulation, Cloud Ten Pictures, fundada pelos LaLondes. O orçamento de Left-Behind é quase o dobro de Tribulation – 17,4 milhões de dólares. No entanto, ainda não se sabe quais atores irão participar. As filmagens começam em abril e o lançamento está previsto para setembro.
"O filme segue à risca o conteúdo do primeiro livro da série", diz Peter LaLonde, roteirista e produtor. "Nosso objetivo é não mudar o livro, mas dar vida a ele de uma maneira diferente no cinema." Enquanto Hollywood se preocupa em fazer dinheiro, talvez esta seja a hora oportuna para produtores com uma visão cristã produzirem filmes de qualidade que tenham uma mensagem.
"Hollywood, como é de sua natureza, tem evitado fazer qualquer filme que dê força à Bíblia", observa LaLonde. "Mas, acredito que seja um despertar espiritual da nação e do mundo de agora e, se comunicarmos nossas perspectivas de uma maneira clara e divertida, veremos a continuação dos interesses espirituais." "Ninguém parece pensar que os outros possam controlar todo esse poder em Hollywood e usá-lo para bons fins", diz Nicolosi. "Mas os cristãos podem começar um diálogo com as pessoas por meio desses filmes. Devemos definitivamente aproveitar tudo na cultura popular que nos dá esse tipo de oportunidade", diz Dave Urbanski. — Dave Urbanski
Fonte: Revista CCM Brasil Gospel Magazine, pág. 10, e.10 a.2000.
