Quando você é criança, não procura necessariamente arte na música que escolhe.
Você quer algo que possa ouvir com prazer, que possa compartilhar com seus amigos sem ser ridicularizado.
Change Your World é algo para a criança que existe em todos nós,
porque, mais do que qualquer álbum que ele já fez, Michael W. Smith entregou um álbum extremamente divertido,
com melodias em camadas e harmonias do mais alto calibre.
Co-produzido por Smith com Mark Heimermann (o co-produtor da tão doce estreia de Lisa Bevill, My Freedom),
seria fácil descrever Change Your World como The Big Picture com grandes vocais de fundo, fácil, mas injusto.
Embora ambos os álbuns possuam uma onda pop ardente (e The Big Picture ainda soa bem, seis anos depois),
...Picture foi um álbum um pouco sombrio (para Smith), mais como se ele tivesse trabalhado muito duro nele;
e o tema constante de Smith sobre "auto-estima" soava mais como os apelos de um treinador do ensino médio - "não apenas corra, corra mais rápido".
Change Your World ainda trata da cura espiritual e emocional por meio da auto-estima
piedosa e de encontrar amigos que afirmem seu sistema de valores - mas desta vez tudo parece muito mais natural.
Em Picture Perfect, Smith canta o que poderia ter sido sua canção de amor básica e saudável do ensino médio,
mas os escritores Smith e o co-escritor de longa data Wayne Kirkpatrick seguem para o refrão encantador:
'Você não precisa ser perfeito / Para estar no meu mundo / Você não precisa ser perfeito / Para caber na moldura."
Smith e Kirkpatrick então vêm do outro lado com Somebody Love Me,
enquanto Smith canta da perspectiva de alguém que não se sente amado:
"É como querer cantar / Mas precisar de uma música / Quando ouvirei a música tocando."
Para crédito do compositor, eles não tentam responder ao problema com uma frase barata ou com "Deus te ama, isso é o suficiente".
A solidão é real e a simpatia de Smith é revigorante.
Embora Change Your World não seja uma plataforma de agitar bandeiras,
a fé de Smith ainda é parte integrante de sua música: Give It Away e Cross of Gold
são declarações claras de onde está sua fundação.
O primeiro é um hino que deveria ter um bom desempenho nas rádios cristãs,
com a conclusão: "O amor não é amor até que você o dê".
E Cross of Gold poderia muito bem ser o ponto focal de todo o álbum:
musicalmente, porque é uma jam sólida;
liricamente, porque chama os santos roladores no tapete - "É uma chama/É uma paixão... ou é um jogo/Religião na moda."
Na ponte, sussurros eletrônicos flutuam sobre a música:
"É decoração ou proclamação?
Para alguns, é apenas algo para usar no pescoço...
significa muito mais do que isso para mim."
Há também um dueto com Amy Grant, Somewhere Somehow, que pode confundir alguns.
É uma música sobre amores distantes, uma espécie de equivalente romântico de Friends.
E há outro amor, o corajoso I Wanna Tell the World,
que Smith escreveu para sua esposa (com a ajuda dos escritores Heimermann e Toby McKeehan do DC TALK).
O grande final, porém, é uma nova visão de Friends, que está comemorando 10 anos.
Enquanto a primeira gravação, primitiva em comparação, pode acentuar a melancolia de amigos que se separam,
a nova gravação é um grande hino que sem dúvida se tornará um estremecedor para toda uma nova arena de fãs.
Quando alguém tem tanto a perder quanto Smith, é emocionante vê-lo fazer um projeto tão divertido e natural.
Alguns fãs podem ignorar isso - Deus os abençoe, eles não querem apenas a semente, eles querem todo o fertilizante também -
mas Change Your World certamente poderia plantar a semente do Evangelho com ouvintes em todos os lugares.
E, igualmente importante, aqui está um álbum de um cristão que você pode tocar para qualquer um dos seus amigos.
Porque quando você é criança você não quer arte, você quer algo para ouvir... e isso pode mudar o seu mundo.
Electric Cinema Robin Crow
Rendezvous Entertainment
Robin Crow há muito tempo já impressiona aqueles que o conhecem, tanto fãs quanto colegas musicais, como um dos melhores guitarristas que surgiram em anos.
Não por culpa sua, a carreira musical de Crow tem sido continuamente prejudicada pela escassa disponibilidade de seus lançamentos independentes e pelo fato de que suas gravadoras anteriores tinham o péssimo hábito de fechar as portas.
A boa notícia é que Crow finalmente conseguiu um selo com alguma estabilidade, o selo internacional BMG.
Melhor ainda, o seu mais recente esforço capta a amplitude do seu tremendo talento.
O "gancho", por assim dizer, no Electric Cinema (pelo menos para o público mainstream) é a inclusão de uma suíte que apresenta três itens básicos do AOR - Sim '
"Roundabout," do U2 "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e do Pink Floyd "Another Brick in the Wall, Part II."
Crow mostra muita coragem ao fazer covers de músicas de guitarristas idiossincráticos como Steve Howe, The Edge e David Gilmour, mas isso é um indicativo da confiança que ele demonstra ao longo do álbum.
Em "Roundabout", o guitarrista exibe trastes acústicos que deixariam Howe com inveja, enquanto abre caminho para Robb Hajacos apresentar um solo de violino ao estilo do Kansas, enquanto em "Still Haven't Found", a guitarra de Crow assume a natureza de uma gaita de foles.
Mas a maior parte do álbum é composta por composições que Crow escreveu por conta própria, em conjunto com Jim Weber ou com os músicos convidados Paul Brannon e Kerry Livgren.
Famoso por sua habilidade em instrumentos elétricos de braço duplo, Crow muda facilmente de arpejos de 12 cordas para execuções ardentes de notas únicas.
Muitas das faixas são construídas em torno de camadas de violão e partes sofisticadas de percussão, o que evita que os arranjos se tornem obsoletos.
Especialmente dignas de nota são a abertura "Shooting Stars", a música mais agressiva do lote, "Speed of Sound",
que mostra Crow tocando sua ala acústica Michael Hedges e "Sleepwalking", que mostra o aguçado senso melódico do artista.
O apropriadamente chamado Electric Cinema já é o disco mais distribuído da carreira de Crow e mostra todos os sinais de ser o de maior sucesso.
Faixas:
#
Título
Duração
1
Shooting Stars
4:18
Suite:
(Spirits From The Past)
2a
Roundabout
6:43
2b
Still Haven't Found (What I'm Looking For)
4:39
2c
Another Brick in the Wall, Part II
6:04
3
Seven Leagues Under
5:15
4
11th Hour
4:40
5
Rainmaker
4:13
6
Speed Of Sound
5:48
7
Sleepwalking
4:35
8
Great Abyss
3:03
Créditos:
Bass Guitar – David Hungate, Don Johnson (30), Michael Rhodes
Drums – Larrie Londin
Executive-Producer – Ken Mansfield
Guitar – Paul Brannon, Robin Crow
Keyboards – Kerry Livgren, Mike Lawler
Percussion – Farrell Morris, Terry McMillan, Tom Roady
Quando Amy Grant estava cavoucando um nicho no pop dance, no coração da América, em seu lançamento de 1985, Unguarded,
ela se voltou duas vezes para canções de Chris Eaton, Stepping in Your Shoes e Sharayah.
Grant devolve o favor das composições na faixa título do novo lançamento americano de Eaton
(chegou à Europa no ano passado com um título diferente),
o qual explora o significado de I Coríntios 13.
Este disco poderia facilmente ter sido produzido nos idos de 1985 ou, então, seus sons adultos
e contemporâneos influenciados pelo R&B e soul,
finamente elaborados, poderiam ter sido captados em fita no passado.
Os toques sutis - a naturalidade céltica e as flautas em Boat of Devotion,
a minestra de piano em Wherever I go, o ruído estridente que abre Old Friends,
a energia vibrante de Ordinary People - entretanto, sugerem um momento completamente moderno no tempo.
Em um pop sofisticado para adultos, os pontos fortes de Eaton estão nas melodias de senso comum
e nas letras bem cuidadas que falam da vida real em tempos fora do comum.
Com graça e inteligência, ele compõe sobre as decisões que todos nós tomamos
e nos fazem chegar até o melhor de nós mesmos (The Highest Honour) ou a algo inferior.
Compreendendo verdadeiramente, como em God So Loved the World, que Deus amou tanto o mundo,
Eaton extrai de chavões banais familiares, como "Hoje é exatamente o primeiro dia do resto de sua vida",
todo o clichê ali existente.
É uma verdade simples para vidas que podem ser complicadas e difíceis.
O pop de Eaton é um bálsamo ou um incentivo.
É uma sugestão de que as coisas comuns são sagradas, que o cotidiano está repleto de oportunidades.
Como já se sabe, estamos vivendo um momento central na história: a terceira onda da música ska.
Ska - aquele som dançante, adorado pelos jovens que usam chapéu de feltro e óculos de sol, espalhados pelos
Estados Unidos - nasceu há cerca de quatro décadas na Jamaica (a primeira onda),
foi revivido e sofreu mudanças na Inglaterra no final dos anos 70 e início dos 80 (a segunda onda) e
explodiu novamente em popularidade durante os últimos anos, como prova o sucesso comercial de bandas americanas,
tais como o No Doubt, os Mighty Mighty Bosstones e o Save Ferris (a terceira onda).
A característica definidora do ska da terceira onda é a mistura de gêneros.
Nenhuma das bandas toca ska puro.
Ao contrário, elas tocam outros estilos musicais (punk, rock, heavy metal, pop) e criam incontáveis híbridos,
mas em todos eles o ska é o elemento central.
Se há algum disco que captura a diversidade musical da terceira onda é esta compilação de Skanktified.
E se por um lado a produção primorosa não é um traço consistente
(o CD apresenta 22 canções, a maioria de bandas independentes),
a variedade de estilos, os sons e a abordagem expressa nas letras é bastante satisfatória
graças sejam dadas ao estilo skank.
O problema com o nome Delirious é que as pessoas podem esperar que a banda seja alguma coisa a mais do que realmente ela é.
Mas o que ela tem de bom é que estes cinco garotos fazem o que sabem fazer (um louvor alternativo à base de guitarras,
na falta de um termo melhor) de uma maneira excelente.
Se o leitor não ouviu a história ainda, aqui vai a essência da coisa:
a Delirious surgiu de uma série de reuniões de grupos jovens chamada Cutting Edge, que teve início em 1992, em Littlehampton, na Inglaterra.
Trabalhando em silêncio, a banda reuniu um conjunto estável de originais e canções de louvor,
culminando em lançamentos de álbuns que capturaram a atenção da Rádio BBC.
Assim, nascia uma nova sensação britânica.
King of Souls, lançado no ano passado, no Reino Unido, está a caminho deste lado do oceano,
contendo 13 faixas extraordinariamente bem construídas, as quais, do ponto de vista das letras,
falam diretamente para a população jovem de ambas as culturas e está em busca de seu caminho espiritual.
Se há uma falha na abordagem sonora do Delirious,
ela está no fato de que eles soam um pouco excessivamente como uma versão britânica do Big Tent Revival
(e note bem, isto não é uma crítica a nenhuma das bandas).
Sim, os acenos musicais aos contemporâneos ingleses tais como Oasis, Del Amitri e The Verve estão presentes,
mas há momentos em que, se pudéssemos remover o sotaque da voz do líder vocal da banda, Martin Smith,
seria possível jurar que estamos ouvindo a Steve Wiggins, da BTR.
As faixas de destaque incluem o corte de título contemplativo, Revival Town, dos Vigilants of Love,
a abertura pantanosa em Sanctift e o manifesto (provavelmente inspirado no U2) White Ribbon Day.
A questão fundamental agora, com a qual a banda se vê às voltas, é: "Quando será possível ouvirmos mais coisas?"
Quando alguém faz seu primeiro disco em um selo fonográfico importante, aos 16 anos,
e torna-se imediatamente um dos artistas estreantes de venda mais rápida da história da música cristã,
é capaz de ter pelo menos alguns manda-chuvas retirando os obstáculos para assegurar o sucesso da continuidade.
Foi exatamente isso que a Myrrh fez em relação ao esforço da auto-intitulada colegial Jaci Velasquez,
alistando o que chega a ser um "quem é quem" dos ícones máximos da composição e dos estúdios (Mark Heimermann,
Wayne Kirkpatrick, Michelle Tumes, Jerry McPherson, Toby McKeehan, Michael Tair, etc).
Isto fica evidente na excelente produção do CD e nas cativantes melodias e letras.
Será a diferença entre ter 16 e 18 anos?
Seu jeito de cantar recém-contido se acomodará bem à legião de fás que ela deu tanto duro para conquistar?
Estas são perguntas que ficam sem respos'ta no momento.
A única coisa de que se pode ter certeza é que Velasquez é uma cantora que continua a soar mais amadurecida que sua idade tenderia a ditar.
Suas harmonias atmosféricas emprestam uma calorosa imprecisão à austera faixa que abre o álbum, God So Loved.
Ela tempera um dos poucos números que impulsionam o disco, Show You Love, sem papas na língua e com verve (recebendo o apoio hábil de Tair).
Quase se pode vê-la sorrindo enquanto canta You, uma linda balada de amor a Deus.
E caso Velasquez comece a compor suas próprias melodias como um veterano de 20 e poucos anos... fique de olho! —